OS PEIXES DO MAR SALGADO: Nº 7 - O ROBALO: Retomamos hoje a série Os Peixes do Mar Salgado com o Robalo(Dicentrarchus Labrax - Lin. 1758). É um dos peixes mais apreciados das nossas costas, não só pela qualidade da carne, como também pela emocionante luta que dá ao pescador desportivo que tenta enganá-lo: todos o conhecem, muitos gostariam de ferrá-lo, poucos o conseguem. É um peixe que habita águas superficiais a médias (10-100 metros). Porém, nos invernos longos, quando a vida se lhe torna mais difícil, tem o hábito de migrar ou de se refugiar em águas mais profundas. Enquanto jovem, associa-se com facilidade em cardumes numerosos, mas a idade torna-o progressivamente menos gregário e termina a vida como grande solitário, socializando apenas para acasalar. O corpo cilíndrico e a robustez da espinha permitem-lhe vigorosas performances: o pescador desportivo sabe que um robalo, mesmo pequeno, exige saber e paciência na recolha da linha. Porém, essas aptidões físicas não são acompanhadas da manha que se encontra em outros peixes: como bom omnívoro, voraz, o robalo cai com quase todos os iscos, mesmo os que cheiram obviamente mal, e chega a atacar - pasme-se - rapalas de tamanho superior ao seu. Depois de ferrado, tem comportamentos estranhos: por vezes nada voluntariosamente (teimosamente?) na direcção do pescador, não se sabendo se por pura estupidez, impulso suicidário à la Miura, ou se para fazer o pescador duvidar da captura através da dimunição da tensão da linha. As suas escamas brancas-brilhantes, os olhos relativamente grandes e expressivos, o sabor delicado e intenso da sua carne (se pescado há menos de 4 horas, recomenda-se um court-bouillon de 2 minutos, perguntem-me a receita) e a sua combatividade inspiraram já vários poetas: lembro, de repente, Luís de Sttau Monteiro (cito de memória: "a vida é como o robalo / a vida só vem à cana / de quem a não quer pescar") e Manuel Alegre ("há um robalo que não há e que só eu pressinto" - Senhora das Tempestades). * Dedicado ao Rui Branco, o primeiro a citar o primeiro post desta série (há muito tempo!!), e cujo blogue visito raramente, porque carregar a página do Adufe demora quase tanto como fisgar um bom robalo: lamentavelmente, o meu computador é do século passado...
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