PERCEBES ATÓMICOS: Um bocadito aturdido com algumas coisas que se escreveram na imprensa lusa sobre a bomba de 1945. Em frente ao mar e antecipando os percebes da estrada para Castelejo, lia e relia, o apetite aguentando-se, contudo, firme e hirto. "Se" não se tivesse pulverizado duas cidades inteiras - incluindo cães, chupetas, shôjis e livros - "morreria mais gente". Este se ia me dando cabo dos percebes. Os gregos, que conheciam todos os holocaustos menos os dos homens, achavam por bem não justificar o que não se pode compreender. Ainda assim, Sófocles põe Tecmessa a perguntar ao Coro, a propósito da loucura de Ájax: "Como hei-de contar uma história inenarrável?" Assim fiquei, à espera dos percebes. À espera que deixem a vergonha morrer sossegada.
Pareces mais preocupado com "cães, chupetas, shôjis e livros" do que com as centenas de milhar de prisioneiros na China e Manchuria, ou os milhões nas operações Olimpic e Coronet. Mesmo após a queda das 2 bombas, Tojo & Co ainda tinham um plano...mas nessa altura os partidários do armísticio já conseguiam chegar ao Imperador.
No fundo tem tudo a ver com essa grande limitação que nós temos: a linguagem e a facilidade de descrever uma acontecimento com uma palavra.
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