REQUIEM PELA FOCA: Quando o futebolista JVP trocou o SLB pelo SCP, o fervoroso adepto benfiquista conhecido por Barbas, numa surreal entrevista na TVI, à porta do Estádio da Luz (ainda que na escuridão) declarava que se sentia pior do que se tivesse morrido um seu familiar. O mesmo sentimento perpassará hoje pelos corações de todos os rapazes de Coimbra. Destruído o seu habitat - por força das chamas, dos que as alimentaram e dos que nada fizeram para que não se acendessem - a famigerada foca de Vale de Canas desapareceu sem deixar rasto! Desde ontem que Coimbra tem assistido a verdadeiras romarias aquele local onde outrora existia frondosa mata, na esperança de encontrar o animal que tanta devoção suscitava na cidade e que agora deixa gerações com o coração... nas mãos. Vários casais têm sido avistados numa busca frenética pela foca desaparecida nas poucas zonas verdes que ainda restam na cidade. Diz-se que a foca poderá voltar quando a floresta renascer das cinzas. Mas, a memória é curta e a rapaziada não vai aguentar esperar por tanto tempo. Outros animais já se perfilam no horizonte zoo-romântico, tais como o Íbis, o leitão ou mesmo a sereia. Triste fado, pobre foca que se esfuma...
"Académica anuncia jogo de solidariedade para com as vítimas dos incêndios Os incêndios que assolam a região de Coimbra motivou a solidariedade da Académica, que anunciou, esta segunda-feira, a realização de um jogo particular cuja receita reverterá a favor das vítimas desta tragédia. O encontro será realizado na próxima paragem do campeonato da Liga, no primeiro fim-de-semana de Setembro), no Estádio Cidade de Coimbra, frente a um adversário que deverá ser anunciado brevemente. Para além disso, a Direcção da «Briosa» aproveitou ainda para apelar a todas as entidades no sentido de unir esforços para tentar diminuir as consequências da tragédia, assim como endereçou a sua solidariedade a todos os afectados" in A bola
Eu não queria acreditar que atingimos os limites da nossa competência, enquanto povo. Mas os sinais aí estão a confirmar as minhas suspeitas: Um país de corruptos; Apontados corruptos e até foragidos a candidatarem-se a eleições e as sondagens a colocá-los no poder; O regime democrático transformado numa partidocracia; Os partidos políticos colonizados pelos grupos de interesses sanguessugas; Os políticos, verdadeiros vendedores de banha-da-cobra, já não são os homens bons da terra, mas apenas aqueles que carreados ao colo pelos padrinhos, ascendem nas estruturas partidárias exactamente para esse efeito: São políticos de aviário. Os governos que em lugar de governar o país, governam-se e desgovernam o país, fazendo da vida de milhões de portugueses gato-sapato; O interesse público metido na gaveta e os interesses partidários e clientelares a emergir como farol da gentalha governante; O princípio da legalidade, feito de plasticina e moldado aos interesses clientelares; As estruturas do Estado sugadas até ao tutano (veja-se o que aconteceu aos biliões dos fundos europeus, o que acontece nos Institutos públicos, nas enpresas públicas por onde se passeiam regularmente os cães de fila, os homens de mão dos partidos, sugando milhões aos cofres do Estado, directa e indirectamente, enquanto a populaça sua as estopinhas e arrota com a factura); O compadrio, a cunha, a informação privilegiada, como forma banal e banalizada de actuação; O negócio admitido (quando não fomentado)dos incêndios; Os projectos megalómanos decididos sem estudos prévios mas que certamente servem interesses clientelares ávidos destes Eldorados, destes paraísos da corrupção, capazes de transformar orçamentos de milhões em despesa de biliões. Para a sua barriguinha, para a barriguinha dos senhores políticos e quejandos e dos respectivos partidos políticos; Mário Soares candidato a PR para que Cavaco não se pavoneie pela Avenida... A prolixidade legiferante e a má feitura das leis como forma de empastelar a acção da justiça e deixar "gaps" como portas de cavalo para os negócios mais escusos e os pareceres externos milionários para grandes escritórios e empresas de consultoria; O ataque às magistraturas que estavam a chegar perto dos poderosos, desde os seus privados vícios aos seus criminosos negócios; Os municípios transformados em máquinas de corrupção, que deixam atrás de si uma esteira de desordenamento urbanístico, de agressões ao meio ambiente, de depauperação das suas populações, de endividamento das gerações futuras; (...)
Portugal está a saque! ou somos simplesmente incompetentes?
Olhamos para o PM e para os ministros e ouvimos o seu discurso, como todos os outros discursos de todos os outros PM: de circunstância, sabidolas, de esperteza-saloia. O que não admira: isto não passa de um país de chico-espertos (com honrosas exceções, como por exemplo o meu amigo Senhor Manuel da Lagariça, analfabeto, trabalhador à jorna e poeta popular nas horas vagas). Se os sucessivos governos tivessem como meta da sua governação o interesse público, verdadeiramente o interesse do país, certamente que haveria áreas de actuação comuns a todos eles, medidas tomadas que fossem do agrado de todos eles. Não há: Vem um governo e diz. Vem outro e desdiz. Vem outro e revoga tudo e dá novas cartas. Vem outro e já não e assim, agora é ao contrário. É o desnorte. Ou talvez não seja. Talvez seja apenas os senhores políticos e os seus partidos a governarem-se e a governarem as suas clientelas. O que fazem e podem fazer impunemente. Têm tudo pra o fazer, desde o domínio das estruturas económicas e financeiras pelos seus clientes, passando pelo domínio dos media - os jornalistas são cada vez menos jornalistas e cada vez mais jornaleiros (de jorna) - até uma classe votante anónima e amorfa, manipuláveis como um rebanho, que os reconduz sistemáticamente no poder, dando o carácter formal e a aparência de uma democracia. Atingimos os limites da nossa competência? Quero acreditar que não, mas a merda da realidade (ou melhor, a realidade de merda) está aí...
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