Já afirmei, noutras paragens, ser minha convicção que os municípios foram transformados em máquinas de corrupção, que deixam atrás de si uma esteira de desordenamento urbanístico, de agressões ao meio ambiente, de depauperação das suas populações, de endividamento das gerações futuras. Mas tão culpados são os pilha-galinhas que os povoam actualmente, como a Assembleia da República (entenda-se, a gentalha que a povoa e os governos dali saídos) nas variadíssimas composições que tem tido desde o 25/4. Porque nada fizeram, nem têm feito, para a mudança de situação. Só agora que o problema começa a fazer estalar o verniz partidário e a colocar a nú os podres dos vendilhões do país organizados pomposamente em partidos políticos é que se apressaram a imaginar uma lei de limitação de mandatos. Não como forma de melhorar a democracia, mas apenas como forma de manterem o negócio sem correrem o risco de serem descobertos. É que lhes importa limitar, isso sim, as consequências negativas para os partidos do progressivo descuido e à vontade nas práticas ilegais e corruptas, originadas pelo excesso de confiança a que prática criminosa continuada e impune conduz. Mais uma vez: O problema de Portugal é o modelo de democracia que tem, o qual, aliado à natureza humana, e especialmente à natureza aculturada portuguesa (de chico-espertismo) conduz inevitavelmente à subversão das instituições e à corrupção dos comportamentos. Portugal precisa urgentemente de um novo modelo político-partidário e administrativo-político. Como também precisa de um outro modelo eleitoral, responsabilizante. A democracia portuguesa, na matriz actual, está moribunda. É perniciosa. É o travão do desenvolvimento. Mude-se de paradigma. E quem é que pode mudar o paradigma? A mudança, por dentro, é pouco provável, não é verosímil, será mesmo impossível (os interesses instalados são poderosíssimos!). Resta a mudança operada pela ruptura. A humanidade sempre evoluiu pela ruptura e não pela continuidade. ...pode ser num 25 de Abril ou noutro dia qualquer...
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