ESTADO DE DESGRAÇA: Podemos ler no Público de ontem que o Ministro da Agricultura, Jaime Silva, terá dito que se iriam propor "penalizações fiscais, sob a forma de impostos acrescidos, para os proprietários que não fizerem uma gestão activa das florestas. Também haverá benefícios fiscais para os casos positivos, mas não para aplicar já, devido à situação económica do país."
As enormidades são tantas que nem vale a pena a gente perguntar-se o que serão impostos acrescidos, gestão activa das florestas ou mesmo quem a define. Nem sequer interrogar-se se a medida se não poderia também alargar aos que não façam uma gestão activa dos stands de automóveis, quiosques de jornais ou bancas de venda de bifanas e couratos (particularmente perspicaz seria promover-se a penalização, sobre a forma de impostos acrescidos, aos que não fizessem gestão activa do Ministério da Agricultura...). Igualmente desinteressante será indagarmo-nos sobre que país é este que em época de crise não se incomoda nada em sugar o particular, eximindo-se no entanto de o beneficiar quando mereça, invocando dificuldades económicas. Imaginar se tudo isto terá alguma aplicação prática (ou mesmo se seria realizável) é também exercício inútil pois não seria certamente isso que estaria na mente do Ministro quando lhe apresentaram o microfone.
Resta-nos apenas a infeliz constatação de que não vivemos num Estado de Direito Democrático: nós vivemos num Estado de Alucinação Demencial e somos governados ao livre sabor dos diferentes ventos que sulcam as ocas cabecinhas dos nossos governantes, aí pelo horário dos telejornais. É uma desgraça.
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