KATRINA LUSITANA: Imagine-se o tratamento jornalístico de um furacão igualmente imaginário que arrasa a Cova da Moura, vitimando e desalojando a população local. Se ocorresse durante o mandato de Santana Lopes, viria ao de cima toda a incúria do governo para prevenir este tipo de situações e o racismo latente nas condições de vida das vítimas e na demora do auxílio, ignorando-se o fenómeno natural como causador da situação bem como a sua imprevisibilidade e magnitude. Se ocorresse durante o mandato de Sócrates, este poderia estar a banhos em qualquer parte do mundo e regressar semanas depois e, na sua ausência, assinalar-se-ia apenas o fenómeno como uma catástrofe natural que não escolhe dia, hora ou local para acontecer nem, logicamente, as respectivas vítimas, não sendo possível impedi-lo e não existindo em lado algum meios imediatos para fazer frente aos seus imprevisíveis efeitos.
Não concordo. Em qualquer dos casos provocaria um choque na sociedade.
Nós já tivemos um caso parecido: quando Mário Soares. PR, andou pela AML a expôr os casos de bairros de barracas, "fome" na margem sul, etç. Isso afectou seriamente a imagem do governo.
A reacção de Cavaco foi interessante: aplicou um programa especial de emergência para a península de Setúbal - e os grandes apoios públicos ao investimento da Autoeuropa vieram ainda nessa onda. E lançou o programa PER (erradicação de barracas) com o objectivo de fazer desparacer as barracas num dado prazo.
Isso descansou a opinião pública, mas o toque deve ter ajudado a fazer cair Cavaco. Depois Guterres veio com a treta da "capacidade organizativa" e o país descansou.
Não creio que os governos PSD estejam mais expostos a este tipo de choque do que qualquer outro - mas a esquerda encaixa sempre melhor a miséria, pois tem uma justificação para ela: é a prova de que o capitalismo é que é o culpado, etç.
Acha mesmo que se deu pouco destaque ao facto do Eng. Sócrates estar no Quénia?! Permita-me que lhe diga que, na melhor das hipóteses, não esteve muito atento.
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