MIGUEL SOUSA TAVARES E OS TRIBUNAIS (III): Insurge-se por fim MST contra aquilo que ele chama de "regalias" concedidas a quem escolha este "emprego". Fico surpreendido com MST. Julgava que ele tivesse consciência de que, muito particularmente neste país miserável, a liberdade e a democracia só se garantem com um poder judicial forte, que tenha os meios necessários para agir rapidamente em defesa das pessoas. E que os magistrados, por todos os motivos, devem ser bem pagos - coisa que, de resto, nem acontece - para exercerem a sua função (não confundir com "emprego"). Ou prefere MST que para as magistraturas vão os piores, os menos dotados ou dedicados, porque os melhores não estão para se sujeitar ao pacote que lhes é proposto? Queixa-se MST das magistraturas e quer piorar as coisas? Julgo que MST não duvida que por esse país fora existam inúmeros magistrados a trabalhar em condições de meter nojo, fora de horas, com sacrifícios vários, sem receber mais por isso, sem poder receber mais de qualquer lado, sujeitando-se a coisas como - repare MST no absurdo - não poderem ausentar-se das comarcas a que estão ligados (no limite, não podem ir jantar ao concelho vizinho) ou a não poderem fazer férias quando bem lhes apetece. Não lhe parece agradável, pois não? Uma última palavra, MST, sobre a independência e aquilo que chama irresponsabilidade dos magistrados face às decisões proferidas. MST não ignora que esta tentativa de responsabilizar os juízes no que diz respeito às decisões relativas à prisão preventiva tem um rosto e uma justificação. Mas no dia em que o juiz proferir a sua decisão - não em função do que entende mas sim - em função do que lhe possa acontecer a ele próprio, a sua necessária independência desaparece de imediato, ao mesmo tempo que se esfumará qualquer ideia de justiça neste país. Do que conheço de MST, não é certamente isto que pretende.
O artigo do MST é, com o devido respeito, um pegado disparate pois revela um desconhecimento das coisas que não era suposto existir em tão distinto cidadão. Quem conhece a realidade dos tribuais, o que não é seguramente o caso do MST, perceberá a lucidez do post de VLX. Ainda bem que existem pessoas que não cedem a intuitos meramente populistas e demagógicos.
MST é licenciado em direito, e não se formou numa privada! E é um desassombrado, e não se pode dizer que tem uma posição corporativa! Qual o interesse que ele defende? certamente o interesse geral, o bem comum, o interesse público-destes interessers não se lembram os magistrados.
não poderem ausentar-se das comarcas a que estão ligados (no limite, não podem ir jantar ao concelho vizinho) ou a não poderem fazer férias quando bem lhes apetece. Não lhe parece agradável, pois não? lol.
Li atentamente a crónica de MST. Só a alencagem que faz dos privilégios dos Srs. magistrados parece-me justificar tudas as considerações que tece. Essa dos melhores terem de ser bem pagos, tudo bem. Mas melhores, porquê? Por terem gasto mais dinheiro aos pais e ao Estado (a nós todos) até chegarem mais alto? Pela profissão que exercem e sem poderem ser responsabilizados? Eu julgava que todas as profissões deviam ser dignificadas ...
O artigo do dr. MST contém, conforme VLX demonstrou de forma irrefutável, uma série de afirmações negligentes e levianas (palavras simpáticas estas de VLX)que, na melhor das hipóteses, não passam de um completo desconhecimento do que realmente significa o poder jduciail e em que consiste a função dos juízes. Saberá o dr. MST, e não só, como é o dia-a-dia não virtual de um juiz, a exercer funções num tribunal da periferia de Lisboa. Trabalha num gabinete, como tantos outros juizes. Mas a impressora que tinha ao seu dispor deixou de funcionar: recusou-se a trabalhar e suspeita-se que não foi por solidariedade com a greve dos funcionários judiciais. Comunicada a situação à Direcção Geral da Administração de Justiça não foi obtida ainda qualquer resposta. Os processos conclusos, numa média diária que ronda os 70 a 80, não são, porém, solidários e têm vindo a ser despachados, há já quatro dias, pelo próprio punho do juiz.Em desespero de causa, o juiz quis trazer a sua impressora pessoal, mas logo desistiu, porque não havia verba para comprar tinteiros... A ignorância, enfim, útil! Quanto aos interesses será caso para perguntar quais os interesses defendidos por VLX? Os dos magistrados? Haja seriedade como a de VLX!!!
Obrigada pela sua clarividência Dr. VGLX. É dos pouquíssimos políticos que temos visto tratar com elevação e seriedade as matérias da justiça. Bem haja.
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