ORDINÁRIO: Imagino o tratamento que seria dispensado pela "nossa imprensa de esquerda" (toda, portanto) a um candidato de direita que, no final de um debate televisivo, recusasse apertar a mão ao seu adversário, mandando-o "dar uma volta", virando as costas à mão estendida. Imagino belos discursos sobre a "intolerância da direita", a "arrogância" e "...a fazer lembrar outros tempos", etc. Como o infeliz protagonista foi o candidato da esquerda, tratou-se apenas de mais um acontecimento... ordinário.
não assisti a esse momento, mas parece-me que apesar de acreditar na competência técnica do candidato da direita à câmara, ambos me parecem abaixo do que a capital do nosso páis precisa.......para ultrapassar o mediatismo de cidades de terceira grandeza de paises europeus.......assim não vamos lá! "porta à porta"? taxi pra terceira idade?!!
Quem não consegue ter control sobre si próprio, ao ponto de se permitir fazer estas figuras, como há-de conseguir ter control sobre uma cidade ou o que seja?
Os realizadores e bons jornalistas da SIC que orientaram os debates (por alguma razão ditos ?moderadores? perante os presumíveis ?extremismos? de quem debate) tiveram, desta vez, a inteligência e generosidade de deixá-los bulhar à vontade. Dado o pouco a que se presta a televisão em matéria de discussão de ideias, é natural que a atenção, aflita à procura de um foco, se concentre no espectáculo nada elevado mas divertido dos mútuos assanhamentos da política. Daí que façam bem os jornalistas e realizadores em deixar chover as chapadas ao gosto dos pugilistas. É um prazer verificar que toda a apregoada ?complexidade? se reduz, em televisão, a isto ?Mentira!?, grita um. ?Verdade!?, reafirma o outro. ?Não sabes nada disto!?, insiste o primeiro. ?Sei sim senhor! Tu é que não sabes!?, responde o segundo. Dantes, os moderadores eram repressivos e esta inescapável humanidade era desrespeitada. Agora podemos ver como um debate pode ser conduzido, por duas pessoas inteligentes e informadas, em estritos termos de infantário: ?Cala-te!?, atira o canhoto. ?Não me interrompas!?, protesta o direito. ?Deixa-me falar!?, pede o azul, e logo vai o roxo: ?Não deixo!? É muito provável que, depois deles, não se fique com uma única ideia acerca dos candidatos. Mas fica-se com uma excelente ideia do que é a televisão.
Trechos de um inspirado artigo de Miguel Esteves Cardoso.
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