"OS PORTUGUESES CONHECEM-ME": As sondagens hoje publicadas não têm o reduzido valor que geralmente se lhes atribui. A enorme diferença registada, pela positiva, entre uma candidatura que ainda não o é e uma outra que se julgava colher apoio unânime dos portugueses permite retirar conclusões bastante clarificadoras, começando desde logo por esta: os portugueses definitivamente não querem Mário Soares na Presidência da República.
E contra isto não vale dizer-se que "são sondagens", que "em 1986 eram piores os resultados" ou que "a coisa melhorará durante a campanha, como aconteceu no passado". É que a situação actual é muito diferente da que aconteceu há 20 anos: hoje, MS poderia dizer com mais propriedade que os portugueses o conhecem, o que é inteiramente verdade. Vinte anos passados, não há português que não conheça MS, o seu pensamento, os seus desejos, gostos, intenções, objectivos, a cor das gravatas ou a marca dos charutos. Se, conhecendo-o tão bem, os portugueses lhe atribuem já este desastroso resultado nas sondagens, por alguma razão é e a mais evidente é a de que não o querem mais em Belém.
O facto de os portugueses já o conhecerem tão bem, hoje, leva ainda a uma segunda conclusão, a de que não é em campanha que os resultados se irão modificar. Os portugueses não precisam de campanhas para conhecer MS, estão fartinhos de o conhecer, não conhecem eles outra coisa e é por isso que a campanha não vai alterar nem melhorar muito o estado de coisas (com a agravante de que MS já anda em campanha há mais de um mês, contra alguém que ainda não lhe ligou nenhuma).
Por fim, não há comparação possível entre a situação política actual e a de 1986 nem entre a relação MS/portugueses actual e a de 1986. O que seria suposto, hoje, era MS ter nas sondagens um resultado fabuloso e nas urnas um menos bom. A estrondosa derrota que logo nas sondagens se lhe agarra (mesmo já em campanha pessoal e contra uma candidatura inexistente) destrói qualquer intenção ou veleidade de MS quanto às presidenciais.
Imagino que hoje perpasse um enorme espanto na casa de MS. Maria está atónita e sem fala e o Joãozinho, a quem estão ainda a tentar explicar o que se passou, não pára de tremer. Ninguém compreende nem percebe que tudo se resume a uma questão de carácter pessoal: os portugueses não gostam de quem prega rasteiras aos amigos. E assim se fazem todos Alegres.
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