PARDALECOS: Não sei se já repararam mas tem-se visto por aí, por parte de certos jornalistas, políticos e comentadores do género, uma enorme insistência para que Cavaco Silva se pronuncie sobre o seu próprio futuro político e pessoal. O objectivo, à primeira vista, parece óbvio - é para evitar que Mário Soares faça a triste figurinha de ficar a falar sozinho quando apenas por oposição a Cavaco Silva conseguiu justificar a sua candidatura (antecipada unicamente para aniquilar Alegre, como todos já perceberam). Ora Soares sabe bem que não faz qualquer sentido que esteja, naquela idade, meses seguidos a investir contra moinhos - até porque o facto do Sancho Pança ser constituído por Anacleto, Jerónimo, José Maria e Garcia Pereira não ajuda ninguém e não lembraria a Cervantes (repare-se que o número de candidatos presidenciais apenas não aumenta mais porque a academia coimbrã já não é o que era e não avança, também, com a candidatura do empregado do bar da AAC, para ficarem todos em amena cavaqueira, sob o fumo de charutos cubanos, arrotando suavemente depois de uma boa almoçarada). De onde concluo que o problema de Soares e dos amigos não é só ele ficar a falar sozinho ou para as paredes: é ficar a falar apenas com esta malta. Ele não tem nada para lhes dizer nem tem nada para discutir com eles, odeia as bifanas e o guardanapo de papel, material de que é feito aquilo que, até ao momento, é o inimigo que elegeu. Daí que faça todo o sentido que Cavaco Silva prossiga o seu calendário, sem o alterar, e que Manuel Alegre mantenha em suspenso a sua decisão: ambos têm a experiência necessária para saber que o primeiro milho é para os pardais.
Actualização: devidamente alertado, junto ao baralho a camarada Carmelinda Pereira. Para infelicidade dos outros, não me parece que seja pessoa para se oferecer para levantar a mesa do almoço...
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.