CAVACO: Tem muitas características cinzentonas, saloias e desajeitadas que o tornam num pequeno ódio de estimação dos media iluminados e modernos. Mas, o que realmente o tornará insuportável será mesmo a competência e a seriedade.
Grande discurso e grande bofetada nos seus críticos mais jovens, o de Mário Soares na apresentação da sua candidatura, um espírito jovem com 81 anos.
Aquela que ele lembrou que esteve numa manifestação na rua contra a guerra do Iraque vai levá-lo à vitória.
O povo tem memória e na campanha Soares vai perguntar muitas vezes a Cavaco onde estava nessa altura. Estaria com Durão Barroso, o delfim de Cavaco Silva? Estaria na cimeira dos Açores, com o seu delfim Durão Barroso? Fez Cavaco Silva alguma coisa para evitar o desastre de Bush e de Durão Barroso nos tempos que antecederam a guerra do Iraque?
Suponhamos que nessa altura Cavaco Silva era presidente da República. O que teria ele feito, iria receber Bush nos Açores e dar o aval de Portugal ao disparate que foi a guerra do Iraque? O que teríamos em troca desse apoio a Bush? Provavelmente o que tiveram Aznar e Blair, terrorismo em casa.
Perceberam, cavaquistas e portugueses em geral, o que está em jogo na próxima eleição? Querem terrorismo em casa por uma causa idiota que não nos diz respeito?
Cavaco Silva é autor moral da idiotice de Durão Barroso ao apoiar Bush na guerra do Iraque, porque Durão Barroso era o seu delfim. Não venha agora fingir que se distancia da posição de Durão Barroso quanto à guerra do Iraque, porque os portugueses nada viram dele nessa altura e depois.
Os portugueses não gostam de múmias oportunistas e videirinhas. Gostam de Mário Soares, poque ele enfrenta os toiros quando muitos fogem ou ficam calados.
Quem quer paz e não se quer candidatar a levar com uma bomba islãmica na cabeça vota Mário Soares. Quem se quiser arriscar a outro destino, vota num oportunista qualquer que fica calado quando um filho deita gasolina na casa que ameaça arder.
Quando Maria de Lurdes Pintasilgo foi primeira ministra de um governo da iniciativa de Ramalho Eanes, antes de sair do seu posto resolveu aumentar as pensões sociais de certas camadas de pensionistas. Foi um aumento considerável.
Sá Carneiro, na altura a preparar a AD, criticou fortemente esse aumento. A AD ganhou a seguir as eleições e foi para o governo, com Cavaco Silva em ministro das Finanças. Não tardou muito e fez novo aumento dessas pensões, o que fez com que num só ano essas pensões tivessem aumentado cerca de 45%. Começou aqui o descalabro despesista do Estado.
Mas, como o preço do petróleo entretanto tinha subido muito, de 12$/barril, para perto de 40$/barril, e como Sá Carneiro faleceu no acidente de Camarate, e era depois Pinto Balsemão o primeiro ministro, Cavaco Silva, prevendo mau tempo no canal para a economia mundial e portuguesa abandonou o barco da AD e recusou ser ministro do governo de Balsemão. Este ficou amuado e com o tempo se veria que nunca lhe perdoou este abandono do barco em pleno naufrágio.
A AD, esfrangalhada por lutas intestinas e pela crise económica que levou o país à beira da bancarrota, acaba por perder as eleições em 1983 e dá lugar a um governo de salvação nacional presidido por Mário Soares, com Mota Pinto em vice-primeio ministro. Foi o governo do bloco central.
Mário Soares teve de recorrer ao FMI para resolver a situação, com a ajuda do seu ministro das Finanças, Hernani Lopes. Em 1985 as contas públicas estavam recuperadas e o caso deu brado nos meios financeiros internacionais. Portugal passou a ser um exemplo de bom aluno do FMI.
Mas esta recuperação das finanças públicas custou popularidade a Mário Soares e ao PS, que na altura fez outra grande reforma, a do arrendamento, matéria tabú para os governos anteriores. E o PSD, com Cavaco Silva, sobe ao poder.
Iniciava-se na altura a recuperação da economia mundial depois do choque do petróleo de 1980/81, com a descida forte do preço do petróleo. Cavaco Silva, bem infomado sobre os ciclos económicos, viu que teria um período de vacas gordas para fazer figuraço, até porque Portugal se preparava para entrar na CEE e iria receber chorudos fundos comunitários.
Cavaco Silva passou então a governar com três Orçamentos, o geral do Estado, o dos fundos comunitários e o das privatizações da banca, seguros, etc.
Foi um fartar vilanagem, dinheiro a rodos para distribuir pela clientela, incluindo centenas de milhares de funcionários públicos. O despesismo estatal no seu melhor! Fez obras, sim senhor, incluindo o CCB, que era para custar 6 milhões de contos e custou 40 milhões, segundo se disse na época. O rigor cavaquista no seu melhor!
Anos depois vem a guerra do Golfo, com implicações económicas fortes a nível internacional, e Cavaco Silva, prevendo período de vacas magras e já com ele em andamento, resolveu abandonar o barco e parar de governar e entregou o testemunho ao seu ex-ministro Nogueira. Este perdeu as eleições para Guterres e em 1996 iniciava-se a recuperação da economia mundial. Foi um bom período para Guterres, que continuou o despesismo de Cavaco Silva, já que este último tinha deixado o campo minado por sistemas automáticos de aumento da despesa pública, o MONSTRO cavaquista de que viria a falar Miguel Cadilhe, além de milhares de contratados a recibos verdes no aparelho do Estado, que Guterres teve de integrar nos quadros do Estado para não ter de mandar para a rua gente que há anos não fazia outra coisa senão trabalhar para e dentro do aparelho de Estado.
Foi este o percurso do despesista Cavaco Silva, o que como ministro das finanças da AD aumentou num ano, pela segunda vez, milhares de pensionistas, e o que, como primeiro ministro, aumentou a despesa pública de tal ordem que os défices públicos da sua governação, se limpos das receitas extraordinárias, subiram tanto (chegou a 9% do PIB) que o actual défice das contas públicas é apenas mais um no oceano despesista inventado por Cavaco Silva nos longínquos tempos da AD e continuado nos tempos em que foi primeiro ministro, depois da recuperação heroica dos tempos de Mário Soares e Hernani Lopes, nos anos 1983-85.
É neste despesista disfarçado de rigor que devemos votar para PR? Desculpem, se quiserem propor Hernani Lopes para PR, podem contar com o meu voto. Mas como ele não aparece a candidatar-se a PR, vou votar em quem o ajudou a salvar Portugal da bancarrota provocada pela AD de Cavaco Silva. E esse alguém é Mário Soares.
Estes os factos. E eu voto em factos, não em mitos e miragens. Mário Soares tem um brilhante CV em controlo da despesa pública (governos de 1977/78 e 1983-85). Cavaco Silva tem um brilhante CV no descalabro das contas públicas.
Qualquer economista, se intelectualmente honesto e conhecer um pouco da nossa História recente, rejeita liminarmente este embuste chamado Cavaco Silva. Se ele for presidente da República, como pode ele pregar moralidade económico-financeira quando ele foi e é ainda o pai do MONSTRO? Monstro que agora Sócrates se esforça por abater com as reformas profundas que está a fazer.
Para os mais novos aqui fica a radiografia do embuste chamado Cavaco Silva.
Confirmei a suspeita:- há mesmo um papagaio no Largo do Rato cuja única habilidade, para além de dizer ´olá´, é a de fazer propaganda governamental em forma de comentário. O pobre animal, na falta de capacidade para fazer melhor ou diferente, lá vai reproduzindo comentários alarves por blogs que teimam em não se converter aos evidentes méritos da governação socialista. Que não lhe falte a alpista...
E em relação às pensões, lembram-se por acaso de como viviam os reformados operários e agricultores na altura. Por acaso sabiam as habiliitações literárias e académicas dos funcionários publicos da altura. Erros, senhores, todos cometeram, não pensem que Soares é imune aos erros, por a vidinha dele contada não dava um épico heroico.
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