DESCONTO: A aproximação das eleições lança a vida pública portuguesa num torvelinho de dislates febris a que deve dar-se o devido desconto. Primeiro foi Marques Mendes, que tenho na conta de pessoa sensata, a referir-se a uma decisão judicial como uma "machadada na justiça". Depois foi Rui Rio - cuja determinação até já gabei aqui a outros propósitos, aliás dolorosos para mim enquanto sócio do FCP - a afirmar que a Polícia Judiciária "não ajudou em nada" na investigação da corrupção (suponho que na Câmara do Porto). Prolongando o raciocínio, o Dr. Rui Rio há-de queixar-se da PSP, que não o deve ter ajudado a garantir a segurança nas ruas do Porto; dos tribunais, que não o devem ter ajudado a prender os traficantes de droga; dos empresários, que não o ajudam a fazer o Porto crescer; quiçá, dos clubes de futebol da cidade, que não o têm ajudado a projectar o nome da Invicta nos firmamentos internacionais. Enfim, que pode o suor de um homem contra tamanha solidão?
«Promover a convergência gradual dos regimes de início do direito à aposentação dos funcionários públicos com o de início do direito à pensão de reforma dos trabalhadores por conta de outrem;»
Isto é o que consta do programa eleitoral e de governo. Durante a campanha eleitoral Sócrates, em debates na TV, disse claramente que iria alterar a idade de reforma dos FP e que iria atacar os regimes especiais que protegem certos grupos corporativos. Só que os professores julgavam que ele se estava a referir aos médicos e farmacêuticos; estes julgavam que ele se referia aos juizes e magistrados; estes últimos julgavam que se referia aos políticos; estes julgavam que ele se referia apenas a polícias e militares; estes últimos julgavam que ele se referia apenas a gestores públicos; e estes julgavam que ele se referia aos que tinham direito a reformar-se com apenas 50 ou 55 anos de idade... Cada um destes grupos esqueceu-se de olhar ao espelho e de olhar para o espelho da maioria dos portugueses...
Ora bem, Sócrates está a distribuir a factura por eles todos, os que têm regimes especiais, como bem disse na sua campanha eleitoral. E os do sector privado e os da FP que não têm regimes especiais batem palmas e apoiam a cem por cento estas reformas que pretendem acabar com a bandalheira dos regimes especiais e má distribuição dos rendimentos que existiu até agora. E não se julgue que é só no sector privado que Sócrates tem o seu maior apoio, porque dentro da FP há muita gente que o apoia também, pois não pertence a nenhum hipócrita ou falacioso regime especial.
Até agora, Sócrates só não cumpriu uma promessa eleitoral: o aumento do IVA. Falha que ele já assumiu publicamente e que apenas foi devida a que o orçamento de Bagão Felix estava desorçamentado do lado das receitas em cerca de 5,5 mil milhões de euros. Isto é, o OE de 2005 assumiu compromissos para os quais faltavam 5,5 mil milhões de euros para que se pudessem cumprir esses compromissos, sobretudo em matéria de Saúde e de prestações sociais (pensões de reforma, fundo de desemprego, etc.). Daí o défice subir para 6,8% do PIB neste ano de 2005 se algumas correcções não tivessem sido tomadas no Orçamento rectificativo aprovado na AR e no PEC, aprovado em Bruxelas. Facto ainda não desmentido por Bagão Felix, já que se soube depois das eleições que o próprio Bagão Felix teria dito a Santana Lopes que o défice real de 2005 ultrapassaria os 6% do PIB.
Até agora Sócrates está a fazer uma excelente governação, com reformas de fundo que já deviam ter sido feitas antes, mas que ninguém teve a coragem de fazer.
Finalmente temos Primeiro Ministro e temos um Governo para salvar Portugal. O que lhe poderá custar votos, mas que salva Portugal da bancarrota.
Os eleitores não são parvos, e verão dentro de dois ou três anos os benefícios destas reformas de fundo.
Eu, que não sou socialista, já vi que este é o caminho correcto e que devolve a esperança à maioria dos portugueses.
Ora aí está o começo de uma recuperação da crise. A bolsa de Lisboa atingiu ontem máximo desde Julho de 2001!!!
As reformas de fundo de Sócrates começam a convencer os investidores de que agora é mesmo a valer. E a OTA, antes de estar sequer decidido, já está a movimentar grossos investimentos no centro do país. Como sabemos bem que os investidores na bolsa antecipam os acontecimentos em cerca de um a dois anos, aqui temos a melhor notícia.
E isto acontece apesar da economia europeia ainda não dar sinais de melhoria sensível. Mas como Sócrates vai à frente da carruagem a apontar o caminho das reformas, mesmo a nível europeu, não admira esta reacção da bolsa de Lisboa dos últimos meses.
Quem quiser fazer dinheiro na bolsa dentro de um ou dois anos, é agora a altura de comprar.
Como disse o candidato Mário Soares, Portugal tem futuro. E com esta equipa governamental também acredito que sim. Vem aí um pacotaço de investimentos
Não posso estar mais de acordo com este post. De facto Marques Mendes arrisca-se a ser levado pelos ares tal é a sua tendência para apanhar boleia de acontecimentos avulsos, de aragens passageiras. Quanto a Rui Rio a coisa é mais séria e reflete a enorme perturbação que o atinge neste final de campanha! Com a devida vénia vou transcrevê-lo bem como ao comentário anterior no meu Homem ao Mar!
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