E TUDO DISTRAÍDO COM A MORTE DA BEZERRA: Julgo que foi Pacheco Pereira quem, há pouco tempo, alertou o comum dos mortais para uma coisa que aqueles que acompanham o Diário da República sabem de há muito: é nos tempos mortos (férias, Agosto, Natal, Páscoa), quando todos estão distraídos e a pensar que não se passa nada, é nessa altura que é necessário estar com verdadeira atenção pois é aí que os governos tentam fazer passar as coisas sem alarde.
Sócrates aprendeu bem a lição e a semana correu-lhe esplendidamente bem: enquanto a nossa oca comunicação social (nunca perceberei se é cega ou se simplesmente não quer ver...) se entretinha - e nos entretinha - com a candidatura presidencial de Cavaco Silva, o discreto Sócrates acabava de vez com o pouco que ainda restava das suas inúmeras promessas eleitorais.
O orçamento seria sério, claro, transparente, rigoroso e sem artifícios? Claro, não é ele outra coisa... O governo socialista não ia aumentar os impostos para resolver o défice? Viu-se; o agravamento da carga fiscal é brutal e é principalmente com as receitas fiscais acrescidas que se irá tentar sanear as contas públicas. O governo socialista não se cansou de prometer que se manteriam as SCUT's (essa ideia descabelada de Cravinho)? Pois começou esta semana o princípio do seu fim, o anúncio da sua morte, a preparação do seu enterro. A possibilidade do aborto a pedido seria objecto de referendo? Mas já se planeia violar o anterior referendo em plena Assembleia da República. O governo socialista não iria recorrer a receitas extraordinárias? Claro. Recorre antes a "não-despesas extraordinárias"... Com efeito, e bem vistas as coisas, o que é o congelamento das progressões nas carreiras senão uma "não-despesa extraordinária" e a consequência óbvia do governo preferir afectar negativamente a população ao invés de vender os monos que polulam no imenso património do Estado ou as participações que detém nas empresas semi-monopolistas que nos sugam e exploram diariamente? Quando podia gerar receitas, o governo socialista prefere carregar sobre as pessoas. Esclarecedor. E "os maus" eram os outros...
Espantosamente, enquanto tudo isto se passou o país entreteve-se com a morte da bezerra.
Parabéns, Eng. Sócrates. É bem certo que o Senhor conta com uma comunicação social muito gentil, provavelmente amedrontada, cheia de medo de que a ela lhe aconteça parte do que tem acontecido ao resto da população, ou receosa de que não lhe sejam concedidas as licenças ou as autorizações necessárias para os seus negócios, ou apenas subserviente ao poder, mas o Senhor também tem um certo valor ao escolher o momento ideal para fazer as coisas pela calada.
Alguns media, incluindo os do Estado (cujos gestores foram nomeados pelos governos anteriores), vêm produzindo alguns interessantes monólogos sobre o passeio pela avenida da liberdade de Cavaco Silva, para o que convidam vários participantes, todos fardados da mesma cor e todos direitinhos em frente dos pseudo-moderadores, não vá a pauta ser mal lida e a música desafinada. Um diz que CS deve fazer assim (para o passeio ser mais deslumbrante), outro diz que ele precisa de fazer assado (visto nem haver concorrência à sua altura...), outro diz que sendo CS o máximo, não precisa de fazer assim nem assado, basta-lhe o mínimo. E no fim desses monólogos todos sorriem uns para os outros e despedem-se dizendo uns para os outros, explicita ou implicitamente, que amanhã haverá mais sessões de propaganda (à custa do espaço hetziano e radioeléctrico, que é um bem público de todos).
Querem assim levar CS ao colo para ser campeão num campeonato repleto de batota. Um nojo e um insulto aos portugueses!
Orçamento inevitável, escreveu um jovem jornalista (SF). Será mesmo assim? Parece que não... A mentira continua... Até quando? (Já para não falar das gralhas, erros e omissões !)
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