D. MÁRIO II? Saltou desde o início aos olhos a contradição (que o candidato apartidário da esquerda salientou, ao negar quaisquer "donos da República") entre os valores republicanos pelos quais Soares sempre se afirmou (e que justificam, por ex., a limitação de mandatos) e um regresso ao cargo de Chefe de Estado que exerceu durante dez anos. Ora, se, realmente, agora o que se propõe é um "monarca" republicano (ou monarca "republicano"), ainda bem, em nome da transparência, que defraldou as bandeiras nos cartazes, com cores criteriosamente escolhidas para não esconder a alusão. O "Mar Salgado" pode, porém, saudar o bonito azul marinho.
O regresso de Soares é uma tromperie: ele nunca se afastou. É o chefe de uma família política que entende que o país só resplandece sob a sua liderança. O "povo", para Soares, é uma entidade apagada que ele salvou da ressaca comunista de 48 anos de anomia. As dívidas são para pagar, ele está lá para as receber. Quem vive mais do que pode, recebe mais do que deve.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.