O PRESIDENTE DO SÉCULO XX: Depois de assistir às primeiras actuações públicas dos candidatos a presidente, ficamos com a sensação de que, em qualquer caso, teremos sempre um presidente do século passado. Excluindo os candidatos sem hipóteses de vitória (que nos remeteriam para o século XIX), todos os restantes soam a déjà vu. Nenhum deles põe o dedo na ferida: reforma do sistema político e funcionamento da justiça e das instituições públicas, em geral. Todos se mexem dentro da partidocracia vigente, que nenhum ousa afrontar. Enquanto Cavaco apresenta os seus dotes de economista para potenciar a capacidade de influenciar a população na receptividade a determinadas opções governativas, Soares apresenta a agenda pessoal e os contactos com os seus amigos internacionais como forma de resolver problemas do país, tipo rainha de Inglaterra. Alegre era a esperança de um debate aberto e frontal sobre as chagas do país, mas não o será enquanto se comportar como uma ex-namorada que ainda tem esperanças de vir a casar com quem o rejeitou. Assim, parece-me que está assegurado aquilo que não se deseja: a continuidade.
Pode dizer-se que Cavaco é o candidato da continuidade? Parece claro que não, pelo menos se estivermos a falar da continuidade do laxismo nas despesas, da falta de contenção do estado "gordo", da falta de respeito pelos cargos públicos, etc. Tudo depende, portanto, da descontinuidade que queremos. Por ex., uma descontinuidade de telenovela mexicana (e do séc. anterior ao passado), essa, já a tivemos recentemente, com o consulado santana-flopista. Mas já não será isso, com certeza, que o Neptuno pretende de novo.
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