POLÍTICOS PROFISSIONAIS: Mário Soares tenta à força trazer Cavaco para a arena, para discutir o seu pudor em assumir-se como político profissional. MS tem dois objectivos: por um lado, tentar discutir de igual para igual com CS, tentando desse modo reduzir a desvantagem anunciada pelas sondagens; por outro lado, tenta "partilhar" com CS o opróbio que a população dispensa aos políticos de carreira, com os quais CS não se deseja confundir. A política, dependendo da forma como é exercida (tal como qualquer outra actividade), é uma actividade nobre e respeitável. No entanto, os exemplos a que temos assistido nos últimos anos levaram ao facto objectivo da classe política ser hoje completamente execrada pela maioria da população. Compreende-se que MS não queira ser diluído nessa imagem tão negativa (pelo menos sozinho), em que o justo paga pelo pecador. No entanto, também se compreende a posição de CS. Entrou na política devido a ter uma carreira fora dela e à competência que aí lhe era reconhecida. Não deseja ser confundido com aqueles que passaram a ter uma carreira devido a terem estado na política. No fundo, não existe propriamente um desacordo. Ambos são políticos. Mas CS não quer ser confundido com um político de carreira, afirmando-o sem se preocupar com o sentido pejorativo associado a essa designação e sem se preocupar com o facto de não fazer quaisquer distinções entre esse grupo. MS teria duas opções: tentar promover a distinção entre políticos de carreira bons e maus ou então, tal como tem feito, tenta anular a desvantagem puxando Cavaco para o grupo dos políticos em geral, não deixando que ele apareça como imaculado aos olhos do eleitorado. No estado em que as coisas estão, penso que Soares só tem a perder com o debate deste tema.
"Bem nascido"? Como? Com criadas e motoristas? Rodeado de boas bibliotecas? Com rocas de ouro e verdes prados para brincar? O Corvo é afinal um aristófilo? Estou deveras surpreendido. Deveras...Pensava que o Corvo pensava que todos os homens nascem iguais.
O Corvo utiliza aquilo que em retórica se vulgarizou como "o argumento contra a pessoa": a afirma p é prova de que p é falso.É uma variação do argumento de autoridade, mas é negativo em vez de positivo. Porque "sou por Cavaco", logo "contra Soares", a minha descrição de "bem nascido" é falsa, porque afecta Soares. Boa tentativa, caro Corvo.
A avaliar pelo tom dos comentários do Corvo, haverá choro e ranger de dentes na noite das eleições... Lá acabará amaldiçoando o País, o qual se revelará aos seus olhos, afinal, como uma corja de idiotas, um canil de imbecis, uma pandilha de provincianos que se prestam a refocilar no lodo da ignorância. Etc, etc, etc. E tudo porque rejeitaram a caritativa mão que o augusto Soares generosamente dispensou, para se entregarem à rude e bestial argentarice do Cavaco. Mas pode ser que nesse dia já saiba o que é um sofisma.
Boa troca de farpas, meu caro Corvo. Você é melhor que o nosso VPV, eheh... Quanto ao texto do Neptuno, não tenho nada a acrescentar. Parece-me...?óbvia? a estratégia de "despolitização" de Cavaco. Primeiro sem partido, depois sem estar ligado a "esses malandros". Coisa estratégicamente previsível e facilmente refutável...
Caro corvo, O discutir de "igual para igual" com Cavaco refere-se, obviamente, à diferença de votos que neste momento as sondagens registam entre os candidatos.
1. É bem verdade que havia naquela candidatura de '86 algo de revanchista e de acerto de contas; e que o dito triunfalismo teve de ser engolido em seco. E, reconheço, deverá ter sido uma vitória saborosa (e porventura justa) como poucas. Resta dizer, para seu governo, que não votei em Freitas do Amaral. Em todo o caso, valha a verdade de, atentos os factos supervenientes, até ter sido bom Freitas do Amaral não ter vencido -- na perspectiva daqueles que o apoiaram.
2. Não habita por aqui qualquer euforia. Não há fulgor jactante. Muito menos loas a tecer a Cavaco Silva. Não confunda as coisas e não meça o sujeito pelo objecto. Apenas me parece que toda essa sua sobranceria, alcandorada num magnífico reduto intelectual, vai dar com os burrinhos na água já em Janeiro -- e com o profundo desgosto romântico que já enunciei. Com ou sem euforias de terceiros.
3. Com efeito, a minha noção de patriotismo passa por saber ler castelhano. E outras línguas, de resto. Não partilho uma visão de patriotismo de caverna -- não sei onde foi buscar tal ideia. De resto, deixe-me confessar-lhe a minha estupefacção por a propalada excelência cultural dessa candidatura radicar, afinal, em tão doutas fontes como a Wikipedia...
Esta do Corvo estar estar para aqui a falar, a falar, a falar, a querer debater, comentar, discutir, postar, nem sempre em termos muito próprios, e o Stanislaw não lhe ligar peva não vos lembra nada?...
Sim...Lembra-me que Cavaco não gosta de falar, nem de debater, nem de comentar, nem de discutir nem, em termos muito próprios ou não, de dar o mínimo de esclarecimentos que façam juz à sua iluminação (e à nossa). E isso parece-me francamente mal. Não lhe parece a si? Ou a sua promoção a herói nacional dispensa comentários? Espero resposta a estas dúvidas metafísicas...
Parece-me estranho alguém ser simultaneamente "um prodígio de retenção anal" e "uma puta miguelista". Um "prodígio miguelista" ou uma "puta analmente retentiva", não digo que não...
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