BARBAS DE MOLHO: O hidroclorido de metadona, sintetizado na Alemanha nos laboratórios Mallinckrodt provavelmente entre 1940 e 1941 ( ninguém sabe ao certo), foi inicialmente designado por dolofina, dizem as más línguas que em homenagem a Adolf Hitler, dizem outras que em justiça da sua função apaziguante da dor ( dolor). Apesar de muita gente estar familiarizada com a droga ela é um dos opiáceos mais recentes. Só nos finais dos anos sessenta o programa Dole-Nyswander a recuperou como terapêutica de substituição, sendo que desde então tem sido efectivamente estudada. Como acontece com qualquer opiáceo de substituição, é altamente recomendável que não seja misturado com outros opiáceos ( heroína ou derivados de morfina) dado que os neuroreceptores são malta sensível. Mas um dos problemas mais comuns é até a sobredosagem de metadona. Seja porque no início do tratamento o grau de tolerância do sujeito foi mal avaliado, seja porque naturalmente se manipulou inconvenientemente a dosagem: isto não deverá acontecer se as doses forem sempre tomadas na presença de pessoal clínico, impedindo assim a acumulação para pequeno tráfico. Seja como for, e pelo que li na imprensa ( prudentemente digerido...) os sintomas que o sobrevivente do grupo apresentava - vagamente designados como problemas respiratórios - são comuns em sobredosagem de metadona: depressão respiratória, que pode acarretar a paragem respiratória num intervalo de 2 a 4 horas, broncoespasmos, hipotensão, edema agudo do pulmão, etc. O que é intrigante neste caso - o da morte quase simultânea de três presos em Custóias que tinham em comum o facto de estarem integrados num programa de tratamento de substituição com metadona - é a reacção oficial: antes das autópisas feitas já se afastaram várias possibilidades, orientando-se o público para o possível consumo, por parte dos reclusos, de "um medicamento sintético" (a metadona pode ser considerado um medicamento sintético). Reclusos sujeitos a programas de metadona têm de ser especialmente vigiados, pela simpes razão de que estando sob influência permanente de um opiáceo sintético cujo efeito é apesar de tudo mitigado, estão mais sujeitos a intercorrências letais com outros opiáceos ( diria que mais objectivamente familiares), de circulação consabidamente vulgar nas cadeias portuguesas.
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