DAR VOZ: No dia 14 de Setembro escrevi aqui que não votaria em Soares nem em Cavaco por não sentir o povo que sou representado em nenhuma das duas majestades. Escrevi também que Cavaco Silva teria as costas alisadas pela direita mais improvável, que traz perninhas de sapo penduradas dos cantos da boca. Aquela, precisamente, a quem falta autoridade moral para criticar Soares por se candidatar contra Cavaco, pois apenas apoia Cavaco contra Soares. Não me enganei. Acho que a recusa da "soberba" e da "arrogância" (o nosso FNV chama-lhe "jactância") da imagem transmitida pelos dois candidatos, como então escrevi, se aplica hoje, também, a Manuel Alegre. Ao contrário de alguns dos seus apoiantes, gosto da poesia de Alegre e parece-me ser um homem sério. Mas, tal como os outros dois, não vejo que vínculo possa ter com a minha realidade. Confesso que o meu voto branco tremeu, cerca das 19.00 horas, quando ouvi a entrevista de Garcia Pereira à TSF. Garcia Pereira sempre me foi uma pessoa simpática, é um homem inteligente, com um discurso articulado, e - pormenor importantíssimo - nunca teve motorista. Diz o que os outros calam e faz mais pelos direitos políticos e sociais do que uma bancada parlamentar inteira. É, desse ponto de vista, o mais republicano de todos os candidatos. Claro que tem um passado ideológico onde não me revejo; mas grande parte dos actuais arautos da democracia do establishment também o tem. Gosto de gente assim, sem vergonha de reivindicar o que é seu. Se não votar nele, fica um pequeno contributo para... dar voz.
Vai ser interessante ver o desenrolar do processo judicial que uma sua funcionária lhe interpôs. A história contada há tempos no Independente e nunca desmentida, é muito, muito interessante, sendo que um dos protagonistas é o Dr.Garcia Pereira, "o defensor dos trabalhadores" e dos "direitos sociais". A coisa poderá vir a ser mais ou menos como o político hiper-moralista de direita que é apanhado com as calças na mão.
Lamentavelmente (ou não) o único candidato em que posso votar em consciência dá pelo nome de Manuel João Vieira. É um ,eventual, candidato que surge do meio artístico, cultural e popular, ao contrário de todos os outros. Embora possa parecer ao eleitor desprevenido que MJV é um candidato a brincar eu estou convencido que é ele o nosso D. Sebastião, e não Cavaco ou Soares.
Saravá Pedro! Noto que regressaste em boa forma e o mais encostado possível a um dos lados do espectro: qualquer dia não tens para onde ir eheheh... abraço
PS: não creio que o Manel também seja arrogante; telvez um pouco vaidoso, o que como sabes, é um pouco diferente. ;)
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