OS CRUCÍGEROS: Tornou-se comum de há cerca de trinta ou quarenta anos para cá. Em Portugal, com o alargamento dos lugares falados, o bestiário começou há cerca de dez anos, mais coisa mais menos coisa. Falo da proliferação de opiniões publicadas sobre o Natal, sempre com um grosso rasto de acinte. Os lugares são comuns: época de "consumismo", de "ignorante fervor religioso", de "hipocrisa". Gosto especialmente desta, da "hipocrisia". Estes lamentos são sobretudo ( há excepções) os urros de uma geração de mimados e de desatarrachados. São os filhos das famílias reconstruídas, são os amaciados criados quase sem irmãos neste Portugal de embeiçados. Começam por detestar o Natal que lhes traz memórias de separações, ou pior, de um mundo que cresceu mais depressa do que eles. Depois, com mais ou menos carreira, sentem uma pontinha de fragilidade pela desilusão que lhes foi prometida; a liberdade dos pais ( e a deles próprios) tem um preço bem claro: a solidão. No mais, a treta do consumismo senta-se à mesa com o consumismo da treta que devoram sem parcimónia o resto do ano. Não admira que muitos destes desgraçados sejam hoje violentamente assertivos, que arrumem pessoas em frascos sem uma sombra de dúvida. O meu consolo é que o povo que não os ouve, está sentado à mesa a comer bacalhau com couves servido por uma mãe com um crucifixo ao peito.
Em todo o caso,a frase que inventei: Quem inventou o Natal devia ser crucificado, ja foi reflectida no sentido que o Sr. Almirante Pedro Picoito lhe deu.Mas,mesmo assim,obrigado pelo comentario e 5 minutos,que faltam,de um feliz Natal
A mãe com crucifixo ao peito também tinha bigode? E quantos criados em extensa irmandade e famílias nunca destruídas (quanto mais reconstruídas)não saíram mimados e desatarrachados - e vice versa? Pelos vistos, assertivos somos nós todos.
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