"SOMOS DIFERENTES ATÉ NA LINGUAGEM" II (resposta a um comentário): Caro Luís M. Jorge, Não percebo a carapuça porque eu não sugeri que você fosse tolo, nem pouco nem muito; assumi até que eu é que me poderia exprimir mal e é provavelmente por isso que continua sem me compreender. O ponto do meu post anterior não é saber quem ganhou ou perdeu, só lateralmente é político e em momento algum pensei em Álvaro Cunhal quando o escrevi. O post tem apenas a ver com civilidade. Ci-vi-li-da-de.
O Luís M. Jorge deve ter gostado da postura de Mário Soares no debate, eu não. Eu acho que quem quer ser Presidente da República não deve ir para um debate como se aquilo fosse uma peixeirada ou uma rixa de rua. Admito que Mário Soares ganharia facilmente a Cavaco Silva num campeonato de cacetada, canelada ou fisga e até de bisga mais longe mas aquilo era um debate entre duas pessoas que se julgam capazes de ser o Chefe de Estado neste nosso país, pelo que se pretendia minimamente civilizado.
A forma como Mário Soares se comportou, as interrupções, as constantes alusões e ofensas pessoais, as permanentes desconsiderações pessoais não constituem uma atitude louvável ou digna, nem aqui nem na China. Apenas demonstram a personalidade de Mário Soares e a forma inconcebível de como ele se julga neste país que lhe dá trela e protege. Repare-se que, em 1991, por muito menos, a devota comunicação social que agora aplaude queria linchar Basílio Horta pelo que este disse a Soares.
Tivesse Cavaco Silva descido ao nível da mão na anca de Mário Soares e o debate teria certamente terminado com Soares enxovalhado até ao ridículo com o episódio da Universidade de Coimbra, a ouvir a acusação de que os problemas do país também se não resolvem entre o almoço no Gambrinus e a sesta da tarde, no meio de fumaradas de charuto, e a ameaça de Cavaco Silva de ir para os jornais contar tudo o que já lhe disseram de Soares, o que não seria seguramente coisa pouca. Não, sei, caro Luís M. Jorge, se agora me fiz compreender.
Mais uma achega: não me recordo de lhe ter dado a possibilidade de, através de qualquer escrito meu, poder considerar que eu me incluísse em algum grupo que considerasse ser Cavaco Silva o "nosso salvador", até porque só ontem senti que passei a simpatizar mais com a sua pessoa. Mas posso estar enganado ou esquecido.
O que lhe posso afiançar é isto: compreendo perfeitamente que Cavaco Silva se recuse a fazer mais debates com Soares pois as pessoas sérias não têm de ouvir coisas deste tipo. Eu, confesso, não só não teria paciência para discutir neste plano como não me sujeitaria mais a situações deste género. Da mesma forma que não discutimos com um arrumador de carros mais arreliado: apenas lhe viramos as costas e o deixamos a falar sozinho, já que ele não sabe discutir civilizadamente. Tão simples quanto isto.
Caro VLX: Nunca pensei que fosse gastar latim com um dos muitos heterónimos de um dos assalariados do P.S.! Mas eu até compreendo que dê um certo gozo pôr a nu a pobreza das ideias e dos argumentos.
Caro LMJ, fui lê-lo e continuo sem me fazer compreender. A questão prende-se apenas com debates civilizados e entre pessoas bem educadas ou entre malcriados. Soares foi malcriado. Eu não discuto com malcriados. Eu nem me dou com malcriados.
Caro Luís M. Jorge, você é formidável como auxiliador para a compreensão do termo iliteracia. De que trecho dos meus escritos retirou você a ideia de que eu pretendia dar lições a alguém? Eu limito-me a constatar que Mário Soares foi malcriado.
Coitadinho do controleiro: a paciência dele tem limites. Bem, ó VLX, você há-de concordar que estes controleiros trabalham que se fartam, sem limites. O que vale é que só começaram a aparecer por aqui quando o Padrinho se candidatou e que vão deixar de vos frequentar antes do final de Janeiro. Um santo Natal para si, VLX.
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