"SOMOS DIFERENTES ATÉ NA LINGUAGEM!" Se porventura tivesse de destacar uma frase no debate que opôs Soares a Cavaco, seguramente que seria esta discreta mas fundamental afirmação de Cavaco Silva. Ela demonstra claramente o que tem distinguido estas duas pessoas: Cavaco Silva conseguiu manter a calma e o respeito mesmo sob os mais ferozes e soezes ataques; Mário Soares foi vulgar e ofensivo como só ele sabe. Registo que, para além das constantes interrupções a que se permite (e lhe permitem), não deve ter passado despercebido às pessoas que Soares se referia sempre a Cavaco Silva como "ele". "Ele" isto, "ele" aquilo, "ele" aqueloutro, numa arrogância pessoal enorme e inqualificável que, se fosse feita por qualquer outra pessoa (ou se fosse feita por Cavaco Silva a Soares), cairia o Carmo e a Trindade. O respeito entre candidatos presidenciais exige-se, a falta de respeito de Soares deve ser criticada e a ausência de resposta ao mesmo nível por parte de Cavaco Silva deve ser elogiada.
Como deve ser elogiada a contenção de Cavaco Silva quando Soares veio socorrer-se das suas aulas na Universidade de Coimbra: violasse Cavaco Silva as regras do Marquês de Queensberry, como Soares se fartou de fazer durante o debate, e fizesse Cavaco a simples advertência de que existe um diferença abissal entre quem dá aulas por ser convidado e quem as dá por ter prestado provas académicas, e Soares seria arrasado. Realce-se que Soares não se bastou com a simpatia dos entrevistadores, que evitavam referir-se ao outro candidato como "Sr. Professor", como seria natural; Soares quis ser também, embora em biquinhos de pés, professor universitário. Pronto(s). Mas fica a dever a Cavaco uma, por este não o ter enxovalhado ali mesmo.
Soares não se ficou por aqui. Para o lado, ainda se queixou de Cavaco Silva ler dossiers mas não ler livros - tecla que repisa ignobilmente sem aquilatar da sua veracidade -; pesporrente, acusou-o de lhe faltar cultura; deselegantemente, referiu-se a supostas conversas desagradáveis que os seus amis teriam tido consigo sobre Cavaco Silva; chegou ainda a fazer comparações com Marcello Caetano e isto tudo numa animosidade pessoal inconcebível e à qual, com uma contenção que não imaginei ser capaz, Cavaco Silva sempre se recusou responder. Fiquei a admirar Cavaco por isso porque eu não seria capaz.
Da maneira como Soares colocou as coisas, aquilo a que assistimos hoje não foi um debate presidencial: parecia antes uma discussão monologuenta num botequim vulgar ou numa tasca infecta em que, já tarde da noite, uma pessoa decente que por acaso ali foi parar com dois convidados se vê abordada por um pobre desgraçado, tombado sobre a mesa e zangado com a vida, e tem de estar ali a aturar o rezingão, sem lhe responder nem lhe dar as duas valentes bengaladas que merecia, conversando com os outros enquanto o táxi chamado não chega.
Mário Soares, numa atitude inqualificável, tem-se arrogado uma superioridade sócio-cultural sobre Cavaco Silva. Ficou hoje demonstrado (para quem não sabia) que foi Mário Soares quem não tomou chá em pequenino. Se eu tivesse algumas dúvidas, a diferença na linguagem dissipou-as por completo.
Caro Luís M. Jorge, não me percebeu mas não se preocupe que a culpa deve ser minha, certamente, por me exprimir mal. O texto não tem a ver com cacos nem me lembro de aqui ter referido ter algum salvador terreno. Tinha só a ver com civismo nas discussões, quaisquer que elas fossem. Mas provavelmente continuará sem me perceber.
De facto. Mais um Carrilho. Triste fim para o 'professor' de 'relações internacionais'. Isso, 'professor' de 'relações internacionais': o homenzinho não (se) enxerga.
post brilhante, que resume o que se passou. Claro que os soaristas não concordam, mas não são esses votos que interessam, são os dos indecisos. E estes devem ter ficado esclarecidos.
Caro L. M. Jorge, por favor, tente ser um pouco mais original. Porque isto de "O melhor que se pode dizer de Mário Soares é que,"... já o encontrei em diversos blogues e é sempre a mesma treta, ainda que deslocada, relativamente ao "post".
A suposta "vitória muito esclarecedora" de Soares sobre Cavaco justificada na "nítida diferença ao nível da argumentação prende-se com a dúbia vantagem daquele em relação a este, vantagem que residirá em meia dúzia de subterfúgios orais. Isto porque Soares chafurda no lado da Política que mais aprecia: o do achincalhamento, da intriguice, da crítica barata e não menos idiota. Só falta mesmo ao homem afirmar que é melhor candidato que Cavaco porque é um político profissional e Cavaco não.
Não esqueçamos o resultado vitorioso de Soares na insuspeita sondagem da "Costa & Coelho, Lda." O P.S. quanto mais esperneia mais se afunda na sua própria mediocridade...
Ó anónimo: o Luís Jorge, como toda a gente sabe ( há sempre uma forma original de alcançar a notoriedade), sofre do síndroma do eco onanista; assim, repete exaustivamente os seus comentários em dezenas de blogues. Não há nada a fazer a não ser oferecer-lhe apoio e compreensão.
BRILHANTE STANISLAW !!! Continuas como de costume brilhante. Anda meio quartel de bombeiros à tua procura e tu aqui no bem bom. Vááááá volta para o presépio, que ainda assim é o sítio onde mais brilhas e as criancinhas não estão habituadas a ver presépios sem burro.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.