ASSUNÇÃO DA DERROTA: Por três vezes, numa só semana, Mário Soares assumiu-se como plenamente derrotado, debitando afirmações próprias dos que apenas antevêem no seu horizonte a derrota, unicamente a derrota e nada mais do que a derrota.
Não tendo árbitro para se queixar dos desaires, começou a semana por atacar a comunicação social, o que é coisa típica de quem está desesperado. Todos sabemos que o incómodo de Soares se deve ao facto de ter aparecido na SIC a dizer disparates sem nexo a uns jornalistas que o interrogavam. A pergunta não era parva, a resposta é que o era, não tinha pés nem cabeça. Mas em boa verdade, Soares não tem motivo de queixa porque o assunto passou meio despercebido na simpática comunicação social e só nos blogues se comentaram mais pormenorizadamente as imagens e as frases.
Se a comunicação social fosse mesmo má, como Soares diz, passaria a vida a repetir os inúmeros disparates, confusões, gafes e trapalhadas que Mário Soares tem dito e feito, com a imagem de fundo a mostrá-lo sempre a comer de boca aberta (há coisas que não se aprendem nos livros...). A outros mais acertados tem a comunicação social feito a vida negra com coisas muito menores. Mário Soares não gostou que passassem as imagens dos dislates mas se não as queria não os tivesse proferido, e se não consegue falar sem um mínimo de razoabilidade e nexo, então não se ponha a falar.
Passado o episódio, veio Mário Soares dizer que se viesse a ser presidente renunciaria ao cargo se não se sentisse em condições físicas e mentais adequadas. Não há nada de mais infeliz que pudesse ter-se lembrado de dizer. Os portugueses já vêm assistindo espantados à enorme baralhação mental que vai naquela cabeça e, quando constatam que o próprio tem consciência de que pode não conseguir exercer o cargo, deixam de ter o mais pequeno motivo para votar em Soares: porque estranha razão se levaria a manteiga cujo prazo de validade termina amanhã (mesmo que não rance) se na prateleira ao lado há outras manteigas com um período de validade muito mais alargado? E porventura bem melhores?
Mário Soares resolveu acabar a semana lamentando-se dos erros que acha que cometeu, como o de anunciar a campanha tarde, o de ter perdido tempo com os emigrantes (este argumento é fantástico) e outros que tais. Um candidato que nesta fase do campeonato se põe já a elaborar o rol do erros cometidos e a encontrar justificações para a derrota está, inapelavelmente, derrotadíssimo.
Ora, quando o próprio candidato Soares nega por três vezes a vitória, se considera e mostra completamente derrotado, não nos surpreende que as sondagens lhe ofereçam uns meros 13%, muito abaixo dos 16% de Manuel Alegre e apenas superior a Jerónimo de Sousa. Por ora, que Jerónimo vai em crescendo...
Ora nem mais. E de facto a tal resposta disparatada (que não deve ter sido transmitida nos noticiários da Sic mais do que duas, três vezes) foi sem dúvida abafada. Mas mesmo nesta nossa sociedade portuguesa sem opinião pública de qualquer tipo, onde se joga sempre de bola rente à relva, tais imagens seriam verdadeira "food for thought"...
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