DEUS CARITAS EST: Nada deve separar ágape e eros, caso contrário o amor resulta numa caricatura, escreve Bento XVI na sua encíclica. Talvez por isso, Ratzinger diga outra coisa óbvia: cabe à política, e não à Igreja, fazer a sociedade justa. Pode não parecer, mas as duas coisa estão bem amassadas na mesma tijela: a experiência humana, e só ela, confere ao homem o sentido. Schleiermacher juntava no mesmo par o amor e a dor ( no segundo discurso do "On Religion"), o jardim natural nada significando enquanto o homem estivesse sozinho. Razoavelmente claro, no nosso freudiano tempo de deuses com próteses. As referências a Marx e a Nietzsche como artesãos da suspeita já são menos originais, podem encontrá-las bem desenvolvidas no The Politics of Hope ( J.Cape, Random House,1997), de Jonathan Sacks, Rabino-Chefe das Congregações Hebraicas da Commonwealth, algures entre as páginas 92 e 97.
Adenda: entendo o ágape como a possibilidade de transformar algo a partir do desejo ( eros), até porque como nos ensina o VIH-SIDA, amando uma pessoa, amamos muitas mais. Não perco o sono por causa da "caricatura do amor", mas também sei, até como terapeuta, que ela é hoje, de facto e infelizmente, muito popular.
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