FAIR-PLAY: Goste-se ou não, o homem ganhou com maioria absoluta sobre quatro candidatos que pouco mais fizeram do que atacá-lo durante toda a campanha, preenchendo esses quatro candidatos uma oferta abrangente de esquerda, de forma a não deixar nenhum voto de fora (ao contrário de um só candidato, que poderia não ser consensual dentro do referido espectro político). Pois bem, o que se ouve por aí é que a vitória é debilitante por escassa (!), porque outros presidentes tiveram vitórias por margens maiores, que a abstenção é que foi decisiva, etc.
Fair play sim, indiferença não. E ninguém que pense realmente e veja a democracia como fluir de ideias e participação ficará indiferente ao vazio de ideias e silêncio que venceram eleições, pela segunda vez. E isto não pode ser passível de aceitação com fair play, nem isto nem o nível de abstenção, é a democracia que está doente. O fair play a continuar fará com que apareçam mais Fátimas Felgueiras, Isaltinos e afins, o eleitor vê os candidatos da mesma forma que vê o Benfica ou Sporting, embora nem no futebol alguma vez se tenha visto alguém ser eleito através do silêncio.
Nestas eleições, houve portugueses que votaram para um Presidente da República (quem votou em Cavaco SIlva), outros para uma 2ª volta (nos candidatos da área do PS), e outros votaram com os pés (os candidatos do PCP, BE e MRPP, sem hipótese de vitória). Portanto, não ausência de um candidato vencedor à esquerda, não percebo qual é admiração por Cavaco vencer na 1ª volta.
O que leva à questão por que é que a esquerda não tinha um candidato para vencer. E a verdade é que não tinha ninguém que pudesse bater Cavaco Silva. António Guterres perderia, desde logo, pela comparação do passado governativo com Cavaco. Jaime Gama não tem peso na sociedade. Jorge Coelho está demasiado conotado com o PS, e demitiu-se do governo por causa da queda da ponte de Entre-os-Rios. António Vitorino tem demasiados esqueletos no armário... E nenhum deles quis avançar porque temiam perder.
Logo, a eleição de Cavaco é perfeitamente natural, dada a ausência de um rival à altura, quer à direita quer à esquerda.
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