MAUS FÍGADOS: Abandone-se a política e os políticos, as senhoras têm nojo (como já dizia o bom do Ega), e cuide-se do corpo e da mente, ultimamente tão maltratados. Desde a história das vacas loucas que o manjar tem estado afastado das bocas portuguesas mas eu tenho felicidade de conhecer umas cherolêsas de boas famílias e de saber onda as ir comprar no fim do complicado e labiríntico processo de abate e comercialização legal dos pobres animais. Daí que me banqueteie livre e confiantemente com coisinhas do maravilhoso género do arroz de rim ou do fígado de boi. A semana (o mês...) tem sido suficientemente difícil para se poder exigir familiarmente um repasto tratado com tempo para o fim-de-semana. É fígado! Bifinhos ligeiramente altos serão mal passados em acalorado azeite e numa colher de manteiga depois de se lambuzarem um dia inteiro numa mistura de alhos, pimenta, azeite e vinho tinto, e salgados no final. Ainda se não decidiu se se fará uma cebolada para os acompanhar. A coisa depende também, efectivamente, do respectivo acompanhamento, estando ainda por definir se será um arrozinho de ervilhas ou de favas (já que me lembro do Eça), se simplesmente umas batatinhas cozidas ou alouradas, ou mesmo as clássicas batatas fritas. Depois se verá.
Com esta Europa, custa-me a acreditar que a descendência venha alguma vez a ferrar o dente (branco, aparelhado e caro) na maciez de um fígado ou de um rim. Provavelmente torcerá o nariz a uma alheira de mirandela e será proibida de desejar uma suculenta morcela da beira. Presunto, só embalado. Queijo, apenas pasteurizado. Marmelada, só se for com conservantes. Mas se eles não vão poder gozar do bom, aproveito eu enquanto posso.
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