O FILME: Se o homem comum - sem filiação partidária nem voto definido - se tiver convencido que a situação do país é grave, Cavaco ganha à primeira volta. Foi esta a arriscada estratégia que foi definida muito cedo. Como pode ela falhar? As campanhas eleitorais geram efeitos de familiarização difíceis de prever:
1) Ao longo desta, as incertezas sobre quem iria desistir, o aparecimento de Alegre e a própria duração da coisa, tudo isto gerou no homem comum a ideia de que o país talvez não esteja tão mal assim.
2) Ao contrário do que se quis fazer crer, os salvadores não concorrem a eleições: impõem-se antes e depois delas; dispensam-nas, até. A campanha criou ao longo do tempo a ideia de que todos têm qualquer coisa a dizer, todos têm igual valor.
3) A possibilidade de uma segunda volta alivia a decisão do indeciso. A dissonância cognitiva pode ser reduzida no horizonte temporal próximo. Dito de outro modo, a campanha desenvolveu e sublinhou a crença segundo a qual esta é apenas a primeira parte do filme: se correr ainda apanho o resto.
Uma maior dramatização da campanha de Cavaco poderia ter assegurado um campeão virtual. Porquê? Porque colocaria maior tensão no voto do indeciso, dando-lhe motivos suficientes para trair a sua tradicional área de voto ( nas presidencias é à esquerda). Soares sabe isso e como tal cavalgou, e bem, o perigo da subversão institucional. Como o mesmo não aconteceu com Cavaco, para além dos pontos 1, 2 e 3, o eleitor indeciso pode agora sentir-se mais liberto para, na primeira parte do filme, sentar-se no lugar que mais gosta. Depois virá ou não o intervalo, mas isso é outra conversa.
Filipe, Pela segunda vez um Anónimo assina Luís nos comentários da Natureza do Mal, com as óbvias confusões a que isso se presta. Embora sem qualquer responsabilidade nesta brincadeira queria esclarecer-te desse equívoco. Um abraço Luís Januário
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