O GRANDE MESTRE DE TODAS (?) AS ÉPOCAS: Um artigo ligeiro no China Daily da passada 6ª feira dava conta do esforço que Jian Qing, um ex-professor de Shenzen, tem feito para recentrar o confucianismo, desta vez como a religião de estado na China. Ciclicamente esforços destes têm sido feitos e o argumento principal de Jian Qing nem é particularmente inovador: a China precisa de uma orientação espiritual e cultural que possa fazer face à invasão da cultura ocidental. O que torna curiosa a recepção às teses de Qing, relaciona-se com a abertura ao Ocidente que a China atravessa. Habituados a influenciar a sua zona de proximidade, exportando diversos mecanismos religiosos, políticos e culturais para a Coreia, Japão e territórios shan, os chineses não temeram a influência ocidental, nem mesmo durante as Guerras do Ópio, em meados do século XIX. Provavelmente agora a coisa pia mais fino, a ocidentalização de costumes aparecendo como mais exacerbada. Zurcher baptizou o corpo cultural que resultou do debate do confucianismo com as restantes escolas, como a "Tradição Central". Isto funcionou tanto nos períodos em que o confucianismo foi ideologia de estado (durante a dinastia Han do Este , 206 a.C.-8 d.C.), como nos períodos de maior fulgor budista ou taoísta. É verdade que para muitos historiadores e académicos, o confucianismo foi sempre, cuidadosamente entre aspas, descrito como uma religião de estado. Entre aspas, e cuidadosamente. Não deixa de ser curiosa a tentativa de puxar os elementos políticos, literários e filosóficos desta Tradição Central ( apesar de tudo maioritariamente confuciana) para o terreno religioso, precisamente numa altura em que a cultura ocidental ( ou parte dela) lamenta com mais força a morte da ( sua) religião.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.