O MAU PERDER DA ESQUERDA: É sabido que a esquerda vive mal com as derrotas, tem um mau perder, tem acima de tudo um perder estúpido (nunca me conseguirei esquecer da imbecilidade infantil dos democratas da Casa Branca, que resolveram tirar o W dos teclados dos computadores dessa residência oficial quando perderam para os republicanos). É assim no mundo inteiro e não se compreenderia que em Portugal fosse de maneira diferente pelo que a esquerda portuguesa, que se julga sempre dona da verdade e com direito natural a mandar e ordenar as populações, face ao cataclismo que sobre ela se abateu perdeu completamente o norte e só profere disparates dos mais inconcebíveis.
Alguns são divertidos, outros são insultuosos. Neste último caso está uma esplêndida afirmação de Jerónimo de Sousa, segundo a qual a direita (não me recordo se era assim, se ele dizia extrema-direita ou mesmo os fascistas) se tinha "apoderado" de Belém. É evidente que não podemos esperar do comunista Jerónimo uma noção muito clara do que é verdadeiramente uma democracia e em que consiste concretamente o poder e a liberdade de voto, mas conviria que alguém lhe tentasse explicar que quando uma pessoa ganha uma eleição livre e democrática conquista o poder, não se apodera dele.
Ou então Jerónimo acha que quando a esquerda ganha umas eleições vence-as, e, quando não é a esquerda a ganhar, são os outros que se apoderam do poder. Este tipo de raciocínios já o encontrei noutros textos, muito recentemente, mas são insultuosos principalmente para os eleitores. E, repare-se, o insulto não é para o eleitorado do centro e da direita, é para o próprio eleitorado da esquerda que, lorpa, se deixa enganar. Ou, outra hipótese, Jerónimo está sinceramente convencido de que o eleitorado é mesmo burro de todo e atira-lhe mais esta areia para os olhos, a ver se o cega completamente. Considerando esta possibilidade, talvez se perceba a forma de certa esquerda fazer campanha, com recurso permanente à mentira e ao bicho papão...
olá apesar da justeza da maioria das observações que faz nos textos "o mau perder da esquerda" este último sobre o vencer e o apoderar fica àquem da compreensão sobre o que penso que dizia Jerónimo de Sousa. Julgo que quando refere que a direita se apodera está a referir-se à direita não assumida na candidatura de Cavaco Silva, que se asssume como candidato supra-partidário. A direita não vence na medida em que não foi sufragada pelo voto. Foi um candidato em que ela se vê representada. (sobre este tema interessante ler Constância Cunha e Sá no Espectro). Ou seja, não foi a ideologia de direita que concorreu e venceu nas urnas, se quiser. Portanto, deste ponto de vista, parece-me fazer sentido a diferenciação feita por Jerónimo entre vencer e apoderar. Podemos dizer que quem vence é Cavaco, e através dele a direita apodera-se da vitória. Caso muito diferente se estivessemos a falar dos restantes candidatos
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