A OUTRA DEMOCRACIA AFEGÃ: Anda um bocadito esquecido, o Afeganistão. Em 2004 a produção afegã de ópio cru foi de 4,200 toneladas, ou seja 87% da total da produção mundial ( UNDOC, World Drug Report 2005). Para o ano que agora findou, o UNDOC prevê ( The opium situation in Afgahnistan as of 29 August 2005) 4,100 toneladas, pois que apesar de uma maior cooperação dos agricultores, as condições climatéricas favoreceram a produção ( 32kg/he em 2004 contra 39kg/he em 2005). Iranianos , pasquitaneses e curdos encarregam-se de levar grande parte deste ópio até aos seus destinos finais, mas o curioso é o que se passa dentro do Afeganistão. Este mundo financia toda a gente: a resistência taliban, os senhores da guerra amigos dos EUA e até elementos da Aliança do Norte. Estradas, pequenas oficinas, escolas, são construídas com dinheiro directamente recebido dos comerciantes de pasta de ópio. O Asian Times de Setembro de 2005 fez uma investigação razoavelmente documentada e deu conta de episódios burlescos: por exemplo, o governador de Nangahar, Deen Mohammed, é irmão de um dos maiores narco-traficantes da zona, J.Baraley. A jovem democracia afegã, enredada em dezenas de grupos étnicos e de clãs cronicamente desconfiados dos "hóspedes" que regularmente acolhe ( Alexandre, Gengis Khan, Babur, russos, ingleses, soviéticos), apoia-se no dinheiro do ópio para sobreviver. E o que não tem graça nenhuma é que o Afeganistão era, até ao golpe pró-soviético de 1979, um personagem insignificante na cena mundial de produção de ópio.
Tenho algures uma cópia digital de uma fotografia de Kabul em 1970 por ocasião de um Raid Automóvel. Não era nada como aquela cidade barrenta, semi destruída degradada e agora felizmente caótica. A guerra destroí sempre a economia que necessita de investimento.
Essa altura ( anos 70 até ao golpe soviético) é muito interessante para o estudo do actual estatuto do Afeganistão de 1º produtor mundial de ópio. Se puder, e na medida das minhas capacidades, afixarei mais alguma informação sobre esses tempos e sobre os actuais.
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