SAMIRA MUNIR, A MALDITA: Não me recordo de se ter falado da morte de Samira cá no galinheiro nem de lhe ter sido dedicada uma página inteira de emocionadas notas biográficas, por uma qualquer jornalista especializada na violência sobre minorias étnicas ou sexuais. Samira Mounir era uma política norueguesa, de origem pasquitanesa, que pregava os direitos das mulheres muçulmanas: morreu em Novembro do ano passado. Conta Rafia Zakaria, no mui indiano Frontline, que apenas jornais noruegueses noticiaram a sua estranha morte: caiu na linha de um comboio, nos súburbios de Oslo. Samira há muito tempo que era ameaçada pelos cães-de-fila do costume, não obstante ser cidadã norueguesa há mais de vinte anos e ser membro do City Council de Oslo. O crime de Samira, para a comunidade paquistanesa de Oslo ( e não só) , foi o de ter denunciado as pressões que as jovens norueguesas, quase crianças ainda, de origem muçulmana sofrem no sentido de perpetuar a tradição de obediência e subalternidade à retórica do hijab ( o véu islâmico). No verão de 2005, uma publicação Urdu com o título Iblis ki Aulad ( Os Filhos de Satã) e editada pela All Pakistan Muslim Association, dispendia os habituais despautérios sobre a moral ocidental ( neste caso norueguesa), declarando que todas as crianças norueguesas eram "ilegítimas" porque concebidas "aqui e ali". Esta história não é especialmente nova nem especialmente triste, antes vulgar. Chega a espantar a estupidez de uma Europa que emite directivas sobre os direitos de minorias terrivelmente ameaçadas no sossego de Viena ou de Lisboa, mas que esquece uma geração inteira de habitantes da dar al-harb.
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