A TESE: "Cavaco ganhará porque os media divulgaram sondagens, que influenciaram o povo". Claro que em 1991 ninguém se lembrou dessa tese, mas como agora a descobriram, vale a pena recordar isto: em todos os momentos da modernidade ( coisa que se instala vagamente a partir de finais do século XVIII) sempre existiu da parte dos iluminados o momento psicótico. Esse momento cristaliza a fórmula do desprezo: se o povo me elege, o povo é astuto, se o povo se engana é porque foi enganado. Nada a fazer, são incorrígiveis. E repetem, incansáveis, o grito de Ernst von Salomon, o teórico do Freikorps, recordado por Sternhell: o que queremos não sabemos, o que sabíamos não queríamos. Razão tinham Pinochet e Salazar, que dispensavam estas maçadas.
O monge copista Francisco Trigo de Abreu, (in O Independente, 20 de Janeiro de 2005)
Francisco Louçã publicou um texto sobre o Iraque. Uma semana antes, um investigador canadiano escrevera um artigo quase igual. José Casanova, do PCP, fala de plágio.
Os factos remontam a 26 de Fevereiro de 2001. Francisco Louçã escreve no suplemento de Economia do ?Público? um artigo intitulado ?Bombas em Bagdad para salvar a Bolsa?. O texto, assinado pelo deputado do BE na coluna Bancada Económica, não tem nenhuma referência bibliográfica ou qualquer citação. No mês seguinte, José Casanova, dirigente do PCP, acusa-o indirectamente de ter plagiado o texto de um outro escrito de Michel Chossudovsky, um professor de Economia da Universidade de Otava. No artigo escrito no ?Avante!?, José Casanova sublinha que o texto, que estabelece uma ligação entre os bombardeamentos no Iraque e as dinâmicas bolsistas de algumas empresas em Wall Street, começava exactamente da mesma maneira (?Na zexta-feira, dia 16 de Fevereiro?), ?chegava às mesmíssimas conclusões, com a particularidade de repetir ?ipsis verbis? palavras, frases e parágrafos inteiros do texto do deputado do Bloco de Esquerda?. Tendo o artigo do investigador da Universidade de Otava sido escrito uma semana antes do artigo publicado por Francisco Louça, José Casanova colocava ironicamente a questão de ?saber quem é o quê em matéria de plagiador e plagiado?. O dirigente comunista citava ainda outro autor, explicando que ?o mundo recompensa com maior frequência as aparências do mérito do que o próprio mérito?.
O artigo de Louçã, que estava esquecido até começar a correr em vários blogues ao longo das últimas semanas, faz menção às perdas de cotação de várias empresas e as mais-valias que foram realizadas no mesmo dia, já depois de os EUA terem bombardeado o Iraque. As empresas são rigorosamente as mesmas nos dois artigos ? Nortel, Dell Computers, Hewllet-Packard, Exxon, Chevron, Texaco, Boeing, General Dynamics, Lockheed Martin, Northrop Grumman e Rayethon.
Francisco Louçã e Chossudovsky também partilham um parágrafo dedicado à ?Harken Energy Corporation, uma empresa-chave na exploração do petróleo colombiano e de que George Bush foi director executivo?. Também ambos explicam que ?a Harken está directamente envolvida na operação Colômbia?. Francisco Louçã acrescentava que este era ?um ambicioso plano de acção militar americana na zona amazónica?. Expressões como ?diplomacia de mísseis? ou ?mais dois dias e Bagdad era bombardeada? também são rigorosamente iguais. Assim como a transcrição de um parágrafo em que George Bush era citado: ?Planeio romper com a ortodoxia do Pentágono e criar uma arquitectura para a defesa da América e dos nossos aliados, investindo em novas tecnologias e sistemas de armamento?. O político e o professor canadiano partilhavam ainda a mesma reflexão sobre o anúncio de Bush: confirmara-se entretanto ?a encomenda do novo caça F-22 Raptor, que a Lockheed vai desenvolver, numa operação de cerca de 60 mil milhões de dólares?.
Finalmente, os dois colunistas partilhavam a informação de que ?Bush ratificou um novo investimento imediato de 2,6 mil milhões de dólares para reforçar a investigação e desenvolvimento de novas armas?. Instado pelo Independente a pronunciar-se sobre as coincidências dos dois textos, Louçã recusou fazer qualquer comentário.
Ó FNV: Salazar é que tinha razão?! Eu não diria melhor, mas... -Onde é que tu vais parar, rapaz?! O teu discurso pragmático assemelha-se "perigosamente" (por defeito) ao do candidato do cachecol vermelho...
«Claro que em 1991 ninguém se lembrou dessa tese» Eu lembro-me muito bem. Até me lembro o pai da Pátria chegou aos 70%. Eu estive nos 14% que votaram à direita.
Caro FNV, queira pf esclarecer onde esteve na altura. Deixe-me adivinhar: se calhar no mesmo sítio onde esteve Cavaco...
Eu creio que falo bem: por que não «Estaline e Hitler»?
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