UM BOM FIM-DE-SEMANA II: Como era evidente, todas as minhas previsões para o fim-de-semana saíram acertadas (com excepção de me terem reconhecido, apesar do disfarce - tenho de mandar fazer um inquérito para perceber porquê e descobrir de onde veio a fuga...). José Pedro Gomes, o convívio, as refeições, os resultados eleitorais e os respectivos brindes decorreram exactamente como esperado e se tivesse encomendado as previsões à EUROSONDAGEM não teria ficado mais perto de acertar. Errei foi nos derrotados e na sua ordenação pois, ao contrário do que pensava, não foi Mário Soares nem a EUROSONDAGEM nem tão-pouco José Sócrates (os melhores candidatos ao título) quem ficou pior na fotografia.
OS DERROTADOS: Na verdade, acho que o primeiro ponto negativo a destacar nestas eleições foi a comunicação social. Em detrimento de Manuel Alegre, a comunicação social andou com Soares ao colo e, não contente com isso, (refiro-me agora só às televisões) resolveu cortar ao candidato Alegre o discurso que este fazia para passar em directo o de Sócrates.
Nunca tinha visto tamanha vassalagem das televisões pública e privadas perante o poder. É inconcebível e completamente injustificável o que foi feito a Manuel Alegre e isso só se pode dever a uma comunicação social com falta de juízo, de independência e de rigor informativo. Claro que pouco mais podemos esperar de uma comunicação social que dá emprego a jornalistas que, pela primeira vez perante o candidato presidencial vencedor, soltam como primeira pergunta a seguinte enormidade: «o que lhe vai pela cabeça?»
O que lhe vai na cabeça?!?... É tudo isso que o jornalista consegue construir?!?... A interrogação nem sequer é infantil, é de imbecil!
OS DERROTADOS II: Como segundo derrotado vem, logo a seguir, Sócrates. A esquerda em geral, os socialistas em especial - e José Sócrates em particular - têm mau perder, muuuuito mau perder. Ter falado a meio do discurso de Alegre é de menino birrento, dono da bola (e do campo), que não quis perder nem assumir a derrota. Só não ganha o campeonato dos derrotados pela pouca-vergonha das televisões, que se apressaram a fazer-lhe o frete e a interromperem Manuel Alegre. E ninguém acredita que, no mundo actual, isto não tenha sido combinado, como ninguém acredita que Sócrates desconhecesse que Alegre estava a falar. Simplesmente nojento.
OS DERROTADOS III: O terceiro derrotado ainda não é Mário Soares, é a EUROSONDAGEM, a que se deve juntar a SIC e o Expresso (estes apenas por ainda nela acreditarem). Realmente, essa empresa terá seguramente muito que fazer para explicar as legítimas dúvidas que sobre os resultados do seu trabalho recaem. Não será fácil.
OS DERROTADOS IV: Em quarto lugar vem finalmente Soares. Não é uma página que se vira, é um livro que se fecha e espero que se guarde no sótão. Julgo que ele nunca imaginou este resultado, julgo que Soares esperava para ele o passeio que vaticinava a Cavaco Silva e acho que poderia ter evitado sair pela porta mais baixa (foram elucidativas as imagens que passaram numa televisão relativas à sua saída, num quadradinho mínimo sobre uma grande imagem das manifestações populares de vitória). É a vida: quem não sabe parar a tempo esbarra-se.
OS DERROTADOS V: Em seguida vem António José Teixeira (o homem que estendeu a passadeira vermelha a Soares e que agora a tem de recolher toda suja da lama que se criou com esta campanha execrável), o Partido Socialista e o Governo e, por fim, Louçã. Todos derrotados.
RESTO ZERO: Jerónimo empatou a zero.
MANUEL ALEGRE é para mim ainda uma incógnita. Ficou a milésimos de ganhar mas não ganhou completamente e só por isso deve sentir-se mal. Mas provavelmente não podia ser melhor: os votos que tem devem-se à particularidade da sua candidatura independente; se tivesse tido o apoio do partido não teria tantos votos ou teria outros e por isso nunca se poderá descobrir se, com o apoio do partido socialista, conseguiria impedir a vitória de Cavaco Silva hoje.
Nunca poderia votar em Alegre mas sou amigo da família e também não posso deixar de lhe gabar a coragem de ter avançado contra o partido: no mundo actual, a fibra e a coragem devem ser louvadas, incluindo aqui neste elogio Helena Roseta, a única dirigente socialista com coragem para abertamente lutar contra a direcção de um partido que não é conhecido por não ser vingativo.
CAVACO SILVA GANHOU, goste-se ou não da pessoa, e à primeira volta. O mau perder da esquerda é ainda revelado pela interrogação de uma jornalista que queria saber se a margem não teria sido pequena: que interessa isso? - Ganhou! Por um voto se ganha, não há como diminuir a vitória. Sublinho uma coisa em Cavaco Silva, a que mais me surpreendeu e a que consideraria mais difícil no meu feitio: nunca respondeu à letra aos inúmeros e abjectos insultos que lhe foram dirigidos, bem como à sua família, pelos outros candidatos, familiares próximos e apoiantes. Eu não seria capaz e admiro a sua contenção.
O PSD ganhou, como é evidente. O CDS e a respectiva direcção do José Ribeiro e Castro também ganharam pois é evidente que, sem o apoio do CDS, Cavaco Silva e o país não teriam tido esta vitória. Daí que eu esteja contente, mesmo que com pouco tempo entre o toque do irritante despertador de segunda-feira.
O PSD e o CDS ganharam ? Então o Cavaco não era supra-partidário ? Ai o malandro que já nos começou a enganar ... Ó Xavier, diga aí ao Pipinho para não fugir dos comentários ... É que eu queria parabenizá-lo por um post em que dizia que Soares não merecia isto. Não que eu seja soarista, mas chego à conclusão de que o Pipo se lembrou que foi Soares que o salvou dos comunas ... o Carluci, blá, blá, etc, afinal o Mário é que era ! Agora vais aguentar com a D.Maria a fazer de Busha à portuguesa. Gostava mesmo de saber por que será que conseguem aguentar com tanto kitch ? Veja lá, agora, embora por décimas, o Cavaco está em maioria e todos sabemos que vc gosta de ser diferente.
Ora que não viesse o comentáriozito roscoff acerca da Maria... Já cá faltava... Fosse a senhora de esquerda, e eis como estava tudo de bico calado...Como não é, toca a malhar nas suas falhas de estilo e representação. Ah, pois, que as tem, tem. A questão não é essa... A questão está é nesta esquerda subitamente sensível à estética do poder (que não ganhou). Ná...estas bocas à Maria não são lá muito "coisa de Abril", não acham?!!!
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