NON SUNT MILITES SED PRO MILITE: Registo que algumas pessoas acreditam agora que nem tudo é reduzido à perspectiva marxista. Já por várias vezes tentei, na medida das minhas limitações, alertar aqui para o facto de a religião não poder ser vista apenas com uma "questão intíma". Isso é apenas, no ocidente, o resultado do alargamento do raio da circunferência, fazendo descoincidir lei e moral. A dimensão religiosa diz respeito a muito mais: à forma como nos vestimos, ao que comemos, ao que pensamos do estrangeiro, à maneira como tratamos mulheres e crianças, etc. Roma teve um problema com as Bacanais e Atenas com com a profanação dos bustos de Ceres, e a esse propósito Finley cita a fórmula de Salústio parafraseada por Sérvio (non sunt milites sed pro milite): "esses voluntários não eram soldados mas substitutos de soldados". Os substitutos de soldados são perigosos porque não juram ao general . A dimensão apolítica da dissensão religiosa abana a quietude ocidental, pois que a julgavamos enterrada, os substitutos de soldados parecendo-nos a nós, ocidentais, demasiado estranhos. Estamos preparados para guerras humanitárias ou económicas em quadro pré-definidos mas já esquecemos há muito como é a guerra de voluntários. Assim sendo, é melhor deixar de lado a perspectiva bélica.
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