UMA CERTA CONFUSÃO: Alguns cronistas do reino confundem a "ingénua exportação da democracia" para terras muçulmanas com a ajuda à modernização do Islão. São coisas diferentes. A modernização do Islão é um trabalho que pensadores como Soroush e Said descrevem como lento, muito lento. Claro que poderá integrar a adopção de algumas estruturas e procedimentos já comuns nos ocidentes ( queimando algumas etapas), mas terá também que fazer um longo caminho. No caso da Europa, o trabalho terá de ser feito, ab ovo, com as comunidades islâmicas residentes. Não vale muito a pena as elites moderadas que vivem na Síria ou na blogosfera iraniana correrrem os riscos que correm, se as comunidades residentes na Europa acolhem os recém-chegados como se estivessem em Teerão. O tão execrado multiculturalismo apregoou algumas imbecilidades, é certo, mas a via não é completamente idiota: um ponto de equílibrio entre as tradições islâmicas e a liberdade ocidental pode ser conseguido. Aliás, se não o for em Copenhaga ou em Paris, não o será, certamente, em Damasco ou em Tripoli. Se as paquistanesas residentes em Oslo são obrigadas ao hijab, e os seus maridos acham que todas as crianças norueguesas são ilegítimas, pouco se poderá fazer pelos seus primos e primas que ainda vivem no reino da fiqh.
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