GRIZZLY MAN: É o título do último filme de Werner Herzog, sobre a história de um activista ambiental, Timothy Treadwell, que passou 13 verões no Alasca a filmar ursos pardos. Acabou comido por um, descobriram-lhe dentro da barriga os restos de Timmy. Não teve tempo de tirar a lente à câmara, mas o som da agonia ficou para sempre. O filme-documentário é absolutamente desconcertante. O personagem é um histérico que se queria transformar em urso mas a quem tem de se reconhecer balls de aço. A certa altura, Herzog entrevista um índio, director de um pequeno museu etnográfico local. Ao contrário dos ambientalistas entrevistados, o índio não achava graça nenhuma às actividades de Timmy: "Há sete mil anos que vivemos com os ursos e nunca pretendemos ultrapassar a fronteira". Timmy, ex-surfista, ex-drogado e ex-pequeno traficante, não pensava assim. Vivia no meio deles, sem armas e quase sempre sozinho. Existem 35.000 ursos pardos no Alasca e a espécie está estabilizada, mas Timmy persistia, delirantemente, que tinha de os proteger. Era pobre, largou a má vida e morreu feliz. E isso é que conta.
Caro FNV: A associação de editores de revistas americanas todos os anos faz um livro com os melhores textos. O maluco dos ursos foi objecto de uma reportagem premiada (penso que no National Geographic). Era tão doido que saiu do avião de regresso a Nova Yorque (os ursos estavam prestes a ir hibernar) para fazer o último safari gelado da sua vida. A namorada também morreu mas o que é verdadeiramente extraordinário é que ele deixou de usar drogas assim que se apaixonou pelos ursos. Ora, aí está um bom substituto para a metadona. Ou talvez não...
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