A ATLANTIZAÇÃO DO NARCOTRÁFICO (II): Durante muito tempo o comércio das drogas obedeceu à direccionalidade correspondente à ordem mundial: do Sul - pobre e produtor - para o Norte, rico e consumidor. Nas Américas, os carteis mexicanos dos anos 80 assim funcionaram, levando heroína e cocaína para os EUA e Canadá; Marrocos levava haxixe para a Europa, os turcos levavam ( e ainda levam ) heroína asiática para o sul da Europa. O eixo atlântico, sobretudo o da cocaína, horizontalizou a geopolítica do tráfico. É claro que sempre existiram grandes tráficos regionais horizontalizados, porventura o mais célebre o do ópio anglo-indiano para Guandong, na segunda metade do século XIX. Mas a novidade atlântica une-se a duas (novas) realidades:
1ª) A alteração dos hábitos de consumo dos europeus que estão progressivamente a deixar a heroína ( e consequentemente a adoptar mais a cocaína e os sintéticos).
2ª) A alteração histórica e política dos regimes da África Ocidental: já não são colónias e estabilizaram politicamente, estando agora a criar os seus carteis profissionais.
Existe ainda outro factor, nada negligenciável, mas de natureza mais instável: a pressão norte-americana na Colômbia e sobretudo no México tem criado dificuldades aos outrora quase impunes carteis dos manos Arellanno, Carrilo-Fuentes, Londono e outros. A apetência europeia pela cocaína caiu como mel na sopa para estes e para os seus sucessores; a disponibilidade de intermediários ganeses, senegaleses e caboverdianos, idem.
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