O EFEITO JAMES DEAN: O que é mais prejudicial para o sr. Silva: sorver passivamente o fumo num restaurante ( pese os sistemas de ar condicionado que existem em muitas casas) ou sofrer um embate de um automóvel conduzido por um condutor com 0,4 de alcoolemia? Ninguém duvida que o tabaco e o álcool rodoviário se podem colocar no mesmo plano de efeitos colaterais. O que se pode argumentar é se a taxa de 0,4 de alcoolemia poderá causar, exclusivamente, o acidente. De facto, poderá ter sido um cão na estrada, uma mão marota ou Deus. Mas também poderá ter sido o ligeiríssimo relaxamento dos reflexos causado pela absorção de uma substância depressora do SNC. O problema está no efeito: respirar infrequentemente o fumo de terceiros não nos envia imediatamente para os Cuidados Intensivos. Por que motivo alguns governos se mostram tão duros relativamente ao tabaco e tão tolerantes face ao álcool na estrada? Suspeito que parte da resposta passa pela política de modelação de comportamentos, herdeira das engenharias sociais que se entretiveram, noutras eras, a modelar ideias. Pretende-se banir o tabaco ( não tenham dúvidas que é esse o caminho) , não se pretende banir o álcool. É em função dessa interpretação capciosa do conceito de liberdade positiva que se entrega o álcool rodoviário ao método quantitativo ( definindo limites), tanto quanto se negará ao fumador, cada vez mais, o direito à liberdade negativa.
"O problema está no efeito: respirar infrequentemente o fumo de terceiros não nos envia imediatamente para os Cuidados Intensivos."
Há outra diferença que me parece mais importante. Enquanto que se eu for atropelado por alguém (que pode ter bebido), esse alguém é facilmente identificado podendo ser responsabilizado pelos danos que me causou, se eu desenvolver um cancro do pulmão por causa do fumo do tabaco dos outros vou pedir responsabilidades a quem? E como vou sequer provar em tribunal que foi devido ao tabaco que eu tenho um cancro?
se eu tivesse mando não proibia nada daquilo que tolerasse, nem fumo, nem vinho, nem putas, nem benfica a todas as horas na televisão, nem carros que andem a mais de 120km/h, nem gajos que escrevem posts destes, apenas intolerantes que fazem leis destas, gajos que nos querem fazer de estúpidos e maltosa do BE que é mais ou menos a mesma coisa. O problema é que eu não mando
Será talvez conveniente referir que os fumadores passivos não partilham, com os fumadores, apenas o fumo do tabaco. Partilham da mesma dieta, da mesma poluição, do mesmo stress...ás vezes até o (mesmo) sexo. Não se contesta o efeito nocivo do fumo. Gostaria contudo de deixar um alerta para a eventualidade real do seu papel pode ser sobreavaliado em detrimento de outros factores tambem importantes. Dramas do fundamentalismo que é sempre reductor e frequentemente cego quando determina apenas um "inimigo" do momento!
Evidentemente o LAC tem razão, mas não se tratei da responsabilidade civil, tratei da política. O meu ponto é que se quer acabar com o tabaco utilizando um argumento que, nem sequer precisando da famosa "redução ao absurdo", obrigaria à protecção extrema de outras vítimas. O Abibir estende precisamente essa passadeira: quantas pessoas ( mulheres?) lerparam, por efeito de "vida em comum", com as consequências rodoviárias dos hábitos etílicos dos maridos, sem nunca terem tocado em álcool?
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