SÉRIE "OS EUA E O NARCOTRÁFICO" (II): Quando Nixon criou a DEA ( Drug Enforcement Administration) , em 1972, substituindo o BNDD ( Bureau of Narcotics and Dangerous Drugs), o mundo do narcotráfico tinha mudado. Enquanto a antiga ordem durou - até à descolonização global - os EUA impuseram o ritmo, sob a batuta desse extraordinário personagem que já aqui mencionei, Harry Anslinger. Os sistemas formais de controlo da produção, que já estavam em crise, colapsaram de vez. É bem verdade que o problema vinha de trás, mas era mantido em respeito pelo comando colonial dos países produtores e das principais regiões transportadoras. Seja como for, depois do optimismo da Conferência de Genebra de 1931, a Conferência de Bangkok, no mesmo ano, deixou claro que tudo continuava igual: as potências coloniais da zona ( Inglaterra, Portugal, Holanda e França) não estavam interessadas em proibir a utilização recreativa do ópio. Os EUA perceberam que se não fossem eles a fazer alguma coisa, ninguém mais faria. Essa liderança continuou, mesmo depois da criação da DEA, mas de uma forma muito diferente: os acordos e convenções perderam toda a sua ( pouca força) à medida que os antigos territórios coloniais passaram a decidir as suas próprias políticas. Se se pressionava num sítio, a estrutura narco-produtora e narco-traficante deslocava-se para outro e assim sucessivamente. O Sudeste Asiático ficou incontrolável e é sob essa perspectiva que se tem de analisar a actuação norte-americana na Colômbia e no México. As dificuldades são, logo de início, financeiras: a produção ( estimada) de cocaína em 2004 foi de 687 toneladas. Uma tonelada custa à saída da Colômbia 3 milhões de dólares e passa a custar 200 milhões nas ruas americanas, se devidamente cortada com aditivos. Digamos que metade dessa cocaína se destina ao mercado americano: isto significa um volume de negócios perto dos 69 biliões de dólares. Em 2005 o orçamento do Andean Counterdrug Initiative, que cobre toda a zona, foi de 1,2 biliões.
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