A ÉTICA VIGENTE: Situações de corrupção, de laxismo, de absentismo e de tráfico de influências, entre outras, são intemporais e comuns a todas as sociedades, em maior ou menor escala. O que poderá distinguir, pela positiva, uma sociedade civilizada é a forma como essa mesma sociedade reage às situações que se tornam conhecidas. Em Portugal, agora que já é generalizada a imagem de que a justiça não funciona - para actos ou factos que suscitem a sua aplicação - ainda restava a esperança de existir uma certa censura social (último refúgio dos moicanos) perante determinadas situações. Esqueçam! Assistimos recentemente a duas situações bem esclarecedoras. Nas recentes eleições autárquicas foram eleitas pessoas com notórios problemas com a justiça, mesmo em câmaras com população urbana, letrada e (supostamente) informada. Os eleitores partem do princípio de que o "roubo" é generalizado e, consequentemente, votam no "ladrão" que, apesar do "cadastro", aparenta fazer alguma obra. Outro sintoma reside na reacção generalizada à recente "folga" dos deputados, com a agravante, em certos casos, de terem assinado a folha de ponto. Para grande espanto meu, tem prevalecido o comentário - mesmo por parte de pessoas "com responsabilidades" (como se costuma dizer) - de que o que se passou corresponde a uma prática nacional e que, por isso mesmo, não vinha daí grande mal. Aparentemente, a ética vigente diz-nos que, um acto que no plano dos princípios (e nos termos da lei...) seria claramente condenável e sancionável, já não o será se corresponder a uma prática generalizada da sociedade. Provavelmente, sou eu que estou errado e tudo isto é apenas uma saudável rendição da sociedade, por exemplo, ao absentismo, à cunha, à fuga aos impostos, etc. Como se costumava dizer "é fartar vilanagem"! Talvez assim a "justiça" funcione...
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