COCOLITZLI: Um reputadíssimo epidemiologista (e historiador) mexicano, Acunã Soto, professor na Universidade Autónoma da Cidade do México, interessa-se muito pela história da colonização espanhola do seu país. Neste momento trabalha a teoria* segundo a qual as epidemias de meados do século XVI não foram causadas pela varíola trazida pelos europeus. São muitos e bons os argumentos de Acunã Soto, que tem vasculhado os arquivos da época. Os aztecas deram nomes diferentes às doenças responsáveis pelas duas grandes vagas de mortes, baptizando de cocolitzli a segunda delas. A varíola, se foi responsável pela primeira razia, não poderia ter afectado tanta gente 20 e 55 anos depois, porque os sobreviventes teriam desenvolvido anticorpos. Finalmente, os sintomas do cocolitzli não são os da varíola, sendo antes semelhantes aos das febres hemorrágicas que hoje conhecemos, causadas por vírus como o Ebola ou o Marburg. O vector animal da doença terá sido a população de roedores: em períodos de chuvas após secas prolongadas - e que coincidem com os picos do cocolitzli - multiplicaram-se brutalmente transmitindo o vírus patogénico. Ora aqui está um bom pedaço para os "desconstrutores das grandes narrativas". Ou não?
*disponível na Discover, vol 27 n2, Feb06, e também on-line no site da publicação.
Olá se dá. Eu é que não percebo muito de roedores, se não até teria vontade, mesmo sem ciência, de me meter nisto. Em todo o caso, muito oportuno (embora tivesse dado mais jeito em 1992).
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