ESTA JÁ NÃO ME DIVERTE TANTO: Uma das formas de racismo mais irritante é a condescedência. Se digo "preto" sou racista, mas se faço o comentário que fez o jornalista da RTP que apresentou o resumo do Costa do Marfim - Sérvia, não corro esse risco. Não sei se repararam, mas quando jogadores de equipas africanas falham ou consentem golos é por "ingenuidade". Todo o racismo é estúpido e este não foge à regra: apesar de muitos dos jogadores africanos serem experimentados profissionais dos campeonatos europeus, são sempre "ingénuos", Claro que se um mexicano falha um penaltie ou se um sueco erra três vezes seguidas a baliza tobaguenha, isso já é "azar" ou "inépcia".
O paternalismo para com outras etnias, ou "povos", ou "culturas", constitui apenas mais uma forma de racismo. É a simpatia e compreensão que vem de cima. É o que se passa com o olhar condescendente e "compreensivo" dos 'mass media' europeus para com o terrorismo palestiniano.
Não acho que haja um racismo subliminar em dizer que as equipas africanas são, genericamente, ingénuas. Ingenuidade, no contexto do futebol, significa ausência de ronha, de manha, de calculismo, enfim, o contrário da Itália. Significa jogar o jogo pelo jogo, normalmente atacando muito. Um bom exemplo de uma equipa ingénua é a da Dinamrca de 1986, de Laudrup, Elkjaer & Cia: ganhou 1-0 à Escócia, 2-0 à Alemanha, espetou 6-1 ao Uruguai... e levou 1-5 da Espanha.
Sim, existe esse conceito de ingenuidade. Mas a maior parte das vezes o conceito é aplicado a falhas individuais, tormando-se um bordão, um "africanismo" simplista e preguiçoso. O Gana e Angola foram manhosos que se fartaram, a Costa do Marfim tem mais experiência do que muitas equipas europeias. Se bem me lembro, essa Dinamarca não era classificada de ingénua mas sim de espectacularmente ofensiva.
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