SÉRIE "OS EUA E O NARCOTRÁFICO" (VI): Com três semanas de atraso, o último post sul-americano; como prometido, dedicado aos carteis mexicanos. A série entrará depois no Afeganistão, onde muita coisa haverá para contar. Entre 2001 e 2005, 1493 agentes federais da força de elite mexicana anti-droga, que conta com 7000 homens, estiveram sob investigação judicial. O problema? Suspeitos de estarem envolvidos na ajuda aos principais carteis de narcotráfico. Isto dá uma pequena ideia da dimensão do problema que o Procurador-Geral, nomeado em Abril do ano passado por Vicente Fox e que dá pelo extraordinário nome de Daniel Cabeza de Vaca, tem de enfrentar. A preocupação americana é óbvia: 70 a 90% da cocaína consumida nos EUA entra pela fronteira mexicana. O esquema mexicano assenta num pressuposto simples: as bases dos carteis estão longe da fronteira ( Sinaloa e Guadalajara, por exemplo), as unidades de envio são construídas o mais próximo possível dos EUA ( Nuevo Laredo, Tijuana, etc). O grupo de Felix-Gallardo, o cartel de Tijuana dos irmãos Arellanno-Félix e a organização de Carrilo-Fuentes, escreveram a história no narcotráfico mexicano nas décadas de 80 e 90. Assassinatos, alianças e traições, apimentaram um enriquecimento impressionante, uma vez que a matéria prima esteve sempre disponível. Quando os EUA começaram a apertar a Colômbia ( o que já aqui descrevi), julgou-se que os mexicanos enfrentariam problemas. Nem por isso. Ocorreram algumas alterações na orgânica dos carteis - estão mais dispersos, ao estilo da Al Qaeda - mas o fluxo da cocaína entrada nos EUA não diminui. No passado mês de Março, o San Jose Mercury News dava conta do estado de sítio em que se encontra Nuevo Laredo, que está apenas a duas horas de San Antonio. Os bandos guerreiam-se alegremente nas barbas dos americanos, tendo surgido dois novos super-gangues, os Los Negros e os Los Numeros, recrutados pelo cartel de Sinaloa, de El Chapo Guzmán, no contexto da guerra contra o cartel do Golfo comandado pelos Zetas. Em síntese, o narcotráfico mexicano está bem e recomenda-se.
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