CALA-TE: Pode ver-se nos comentários, nos artigos, nos posts, que o ódio permance. Nem podia ser de outra forma. Até ao holocausto ( que começa a ser apresentado como "um mito"), que foi buscar à Inquisição a ideia do vestuário identificativo, exceptuando homens como Vieira ou Zola ninguém levantou um dedo em defesa dos judeus. Depois Israel criou um estado num sítio onde expulsou palestinianos e onde ficou com as melhores terras, isto é um facto. Mas o antigo ódio apenas foi beber, hipocritamente, na diáspora palestiniana; isto é outro facto. Duas formas de aferirmos o ódio: o argumento de autoridade e a desqualificação. Quem defende o direito de Israel a defender-se é "contra a paz" e um belicista, um falcão, um reaccionário, um sionista. Podem estar a morrer 600 crianças por dia no Zaire ( numa guerra sem americanos nem judeus) que isso não os comove, como não organizaram cordões humanos nem manifestações durante as múltiplas chacinas vermelhas dos anos 60 e 70.Tanto pior para a paz. A desqualificação serve outro propósito: nada do que digas é válido porque eu decidi que és isto ou aquilo. Se repararem bem, é um remix da retórica comunista com a inquisitorial, já revivida no episódio dos cartoons, e que termina sempre da mesma forma: cala-te!
A ideia do vestuário identificativo de judeus e mouros não foi obra da Inquisição. Vem, pelo menos, de 1429 (D. João I), e é até provavelmente anterior. Mas também é verdade que nessa altura se regulamentava com minúcia o vestuário que cada grupo social podia usar.
E depois disso, com muita minúcia. A minha ideia era recuar ao decreto veneziano de 1516. Os primeiros inquisidores nomeados pelo Papa são admitidos pelos tribunais da República de Veneza em 1289, mas o tal decreto que "institui" o guetto ( confinamento geográfico, vestuário e sinal distintivo, etc) só aparece depois da expulsão dos judeus de Espanha ( 1492) e da promulgação da Inquisição espanhola ( 1478). Era esta a ideia.
A minha achega era apenas para lembrara que a coisa não foi ideia da Inquisição, já existia antes, pelo menos em Portugal (e muito provavelmente noutros lugares). A raiz de todo o mal em relação aos judeus não está sempre na Inquisição. Convém perceber que, em boa parte, a Inquisição foi só a cristalização do ódio que já existia durante o período da chamada "tolerância". A (des)propósito: um dia, se te apetecer, hás-de escrever sobre a compatibilidade entre um "liberalismo à moda antiga", de que te costumas reivindicar, e a democracia de Israel. ;)
Exacto. E a minha achega à tua achega destinava-se a sublinhar a dinâmica que as inquisições deram ao processo. O teu desafio é sublime, espero poder corresponder. Mas também espero que, como pudeste ler neste post, percebas que seja eu o que for, não sou cego ( os leopardos vêem bem no escuro).;)
PS: se te apetecer batalhar umas cold one na 5ªfeira diz qq coisa.
já estou um tanto saturada e nem vou fazer-te perder muito tempo. Quanto mais não seja por não teres dúvidas e quem não tem dúvidas nada tem a dialogar.
Deixava-te aqui apenas um ponto mínimo-
não consegues traduzir hate por outra palavra a não ser ódio?
És capaz de fechar todos os cambiantes, os infinitos cambiantes de sentimentos ou impressões que em português existem e que não se resumem a esse teu monolitismo do "ódio".
Por outras palavras- onde arrumas os enfados ou embirrações da imaginação das pessoas quando são totalmente inofensivos?
no ódio?
Obrigada pela atenção. Agora é assim, com todo o respeitinho que para pancada recíproca temos a hora do recreio.
Deixei aqui uma pergunta que suponho ser pertinente. Não fui mal-educada e muito menos soberba.
Reagiste como um puto mimado e mal-educado.
É pena.
Se não te respeitasse não tinha gasto tempo a formular um pensamento- bastava-me mandar-te à merda.
Se te considerasse incapaz de responder ou equacionar teoricamente a questão até tinha prurido em a formular. Creio que estamos os dois no mesmo patamar para formularmos ideias.
E não foi para despiques de insultos que aqui vim. Até porque o maior insulto que me pode acontecer e perder o respeito por alguém. E aí nem brinco com caricaturas de Helenas de Matos em resposta a zazies "pias".
Zazie, Nuns dias sou "um bacano com sentido de humor", noutros sou um "puto mal educado" ( até corei com este meu rejuvenescimento súbito), noutros ainda, um "antecipa-crónicas". Parece-me que há aqui desproporcionalidade de resposta relativa ao simples "pia". Não te respondi logo porque a pergunta é difícil, os leopardos podem ser cobardes e manhosos mas nunca mal educados.
esquece. Estou a debater a mesma questão com o Bruno do Avatares.
A vantagem da blogosfera é precisamente esta- Escolhem-se os inerlocutores.
Para o caso de não teres percebido não vim aqui, com essa pergunta acerca da palavra ódio, com uma provocação. A intenção era totalmente honesta. Pensei que tivesses estofo para separar guerrilhitas de raciocínios e questões teóricas.
Quanto a considerares insulto dizer que escreveste um post- o das mulheres e homens de armas na mão contra o infiel- um post estilo Helena de Matos, lamento mas a única pessoa que pode estar a ser insultada é a senhora. E não por mim, mas por ti que consideras um insulto apenas o seu nome.
Fica bem.
Quanto ao "pia" nem considero nada. Apenas uma maluqueira qualquer fácil de arma de arremesso.
Não pratico qualquer religião nem tenho formação religiosa, apenas fui baptizada. Tenho um mero sentido de sagrado e uma fé pequenina se é que se pode chamar de fé.
Se à custa disso sou considerada beata e pia, só pode ser 2 coisas-
uma deliberada pedrada que substituiu um qualquer outro nome feio.
Uma verdadeira crença de um ?ateu militante?, para quem toda a gente que não odeia a religião (particularmente a católica) é tido por beato.
Como não penso que te incluas neste grupo tomei por arremesso idêntico num contexto de bocas recíprocas.
Mas nunca viraria as costas a uma questão teórica. A menos que considerasse essa pessoa demasiado estúpida para com ela poder perder tempo a pensar.
Como é óbvio que não me tenho por estúpida, retiro-me.
Só outra nota-
Nunca disse que o holocausto é um mito
Disse apenas que a figura do judeu actual ou dos judeus enquanto grupo em nada corresponde aos mesmos judeus aquando do holocausto. E disse que não se atender a isto é uma mitificação tribal que não os dignifica como seres iguais a nós. Apenas que os arruma como coitadinhos
Vá lá, meninos, portem-se bem. Caro Filipe, só um pequeno reparo. O Pedro tem razão: assinalar a identidade étnica através do vestuário é muito anterior à Inquisição e é até anterior à data que ele aponta. Na Península Ibérica, e espero não desiludir ninguém, os primeiros a obrigar os judeus (e os cristãos) a usar sinais distintivos são... os muçulmanos. Aliás, também durante o domínio islâmico as minorias étnicas estavam confinadas a bairros próprios. Em Lisboa, por exemplo, os cristãos moçárabes viviam entre o Rossio e a actual igreja de S. Cristóvão, na Costa do Castelo. Mas o facto de certas comunidades habitarem bairros próprios é, como se sabe, anterior e muito comum.
O meu ponto foi explicado na resposta ao PC, é uma certa continuidade. Atenção, durante o domínio islâmico da Península os judeus e os cristãos podiam até governar as cidades: nada de semelhante com o decreto veneziano.
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