RITUAIS: Hoje sinto pelo almoço o que muitos ex-fumadores sentem pelo tabaco: como é que fui capaz de viver tantos anos com aquilo. Para quem o baniu da sua vida há quase 15 anos, é muito claro que o almoço é uma violência. No momento em que o corpo começa a absorver o ritmo do dia e o discernimento se aproxima da velocidade de cruzeiro, quer-se é café para olear as juntas e nicotina para encadear os neurónios - não uns pezinhos de coentrada, ou umas sardinhas rescendentes, regados por um tinto a condizer. Mas um dia não são dias: quartos-de-final contra a selecção de Inglaterra pedem consistência e, sobretudo, bonomia. Depois de me violentar com uma feijoadinha de javali no Zé Manel, seguida de um sorvete impossível de terminar, na melhor companhia que há, venha então o jogaço, para ver com uma parelha dos tempos em que almoçava.
É verdade, nada como uma feijoadinha de javali, depois de um prato de ossos, de uma morcela com grelos e de uns cogumelos aporcalhados, para encarar um Sábado com espírito ganhador.
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