DESABAFOS DE FÉRIAS 2: Desde pequeno que sinto uma atracção estranha pelas decorações dos jardins. Sejam pencas de 1, 5 m. ou mais, repuxos, animaizinhos de pedra, talhas de azeite deitadas com sardinheiras dentro, águias do Sélebê, pedaços de estatuetas gregas, tudo me prende a atenção. Há um leão perto de nossa casa, em tamanho natural sobre seu pedestal, que vigia atentamente uma fileira de cabeças de cavalo espetadas sobre o muro do vizinho. Fazemos peregrinações regulares até ao local, de madrugada, sempre com o receio de que uma autoridade municipal tenha dinamitado o conjunto. Mas, de todos os motivos, os que me fascinam morbidamente são os duendes, gnomos e anões. Por razões que não sei explicar, deixam-me desconfortável. Em passeio recente pela periferia balnear de Lisboa, a profusão dos ditos, muito realistas, ia-me deixando sem ar. Uma amiga torinese, que nos acompanhava, contou que existe uma Frente de Libertação dos Anões de Jardim, fundada e com sede em França, e espalhada um pouco por todo o mundo. Os "canais" (comandos operacionais) dedicam-se ao resgate das simpáticas figuras encerradas nos jardins e libertam-nas pelos bosques, de onde nunca deveriam ter saído. Ainda não há um "canal" português, mas nunca é tarde. Se alguém sentir o mesmo incómodo estranho e totalmente irracional perante os duendes, gnomos e anões de jardim, p. f. mande uma garrafinha com um bilhete dentro ali para o lobosdomar2 at gmail.com. Hoje os anões, amanhã as pencas.
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