11/9: Um dos aspectos mais marcantes dos recentes documentários e filmes sobre o 11/9 prende-se com as histórias pessoais das vítimas do atentado. Não eram soldados numa qualquer guerra mas sim pessoas comuns, no seu normalíssimo dia de trabalho como qualquer um de nós que, de um momento para o outro, são confrontadas com a sua inevitável e iminente morte. Tudo isso torna ainda mais chocante o "mas" - bem identificado por JPP no seu debate televisivo com Soares - que alguns usam no seu comentário aos atentados: condena-se os atentados e lamentam-se as mortes "mas"... o "Império" estava a pedi-las. Se existe uma matriz civilizacional comum ao mundo ocidental ela deve ser defendida sem concessões. Não há justificação possível para atentados terroristas - suicidas ou outros - contra civis. Tal não significa um cheque em branco aos americanos e à respectiva política externa. Nada disso. Mas, mesmo a total discordância com essa política não deve nunca insinuar uma justificação para o que aconteceu.
MAS disso ninguém duvida... ridiculo é no 11 de setembro esta proliferação de estórinhas mal amanhadas e lamechas a fazer render as audiências. MAS esta oferta só é possível porque as pessoas tiram orgásmica satisfação da desgraça alheia...daqueles orgasmos envergonhados. "pessoas com uma vida comum, podíamos ser nós"... o prazer e o suspirar de alívio está no facto de não termos sido. O 11 de setembro pode representar a morte de pessoas comuns na sua ida para o trabalho. MAS nunca senti empatia por pensar que eu podia ser uma delas. O 11 de setembro tem muitos mas. o terrorismo também.
e já agora: se o os tais actos terroristas não têm justificação como é que acontecem, porque é que existem?
Acho aconselhável fugir dos lugares comuns e para isso são precisos alguns "mas", algumas justificações e muito amor pelas palavras e pelo que elas representam.
dizer que não tem justificação é como dizer: tem uma justificação que eu não entendo e que condeno e que, como tal, não admito como real. boa base para o terrorismo.
"Justificação" no sentido de (não) ser admissivel como bom qualquer espécie de argumento, por melhor que seja, que justifique que se matem três mil pessoas ao acaso. Talvez a diferença resida entre "justificação" e "explicação". É possivel explicar o que aconteceu. Mas essa explicação é condenável se for apresentada - como é muitas vezes pelos inimigos militantes do "Império" - como válida para justificar o que aconteceu. Quanto às "estórinhas mal amanhadas e lamechas", tirando o enjoativo aproveitamento televisivo, penso que, infelizmente, não poderiam ser diferentes.
a validade de uma explicação é um bocado subjectiva, não? Continuo a achar que, neste caso, justificação e explicação (entre aspas) não podem ser separadas. A justificação existe por si só e também com "histórias pessoais das vítimas". Também acho uma infelicidade que se matem que "se matem três mil pessoas", agora se foi "ao acaso" isso é que já me parece discutível. Ao acaso é, por exemplo, atirar a matar num homem porque se suspeita que ele é terrorista com base em meros preconceitos étnicos (o que se passou em Londres e que muita gente esquecu). Isso sim é um triste acaso! O resto de "foi sem querer" tem muito pouco.
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