LIVRES HUMORES: Quando o meu caro PC ( post anterior) comenta um post meu, isso significa que me levou a sério, o que só rararamente acontece ( risos). Mas desta vez julgo que não tem razão: " algumas provas bem esgalhadas" e documentário "até aí exaustivo e detalhado" não me parece serem expressões de desprezo apriorístico pela mencionada teoria da conspiração. Também me parece que uma teoria da conspiração, só pelo facto de o ser, não tem necessariamente de ser uma boa teoria ( sorrisos). O meu caro PC assinala , e bem, uma fraqueza humana: a de "querermos saber a verdade toda de uma vez". É certo, mas não o é menos a existência de outra característica humana: a de gostarmos de escolher as verdades, e só aquelas, com as quais somos capazes de viver. Depois há aquele detalhe que sempre me intrigou: por que motivo as teorias da conspiração são quase sempre como as bússolas doidas? Por que motivo as teses conspirativas sobre JFK, Aldo Moro, Reagan e agora o 11/9, apontam sempre a responsabilidade nubífera de forças conservadoras e capitalistas-situacionistas ? Por que motivo estou certo de que a magna questão - " a quem aproveitou isto?" - não se colocará acerca do atentado de Madrid? Estarei enganado? ( soluços).
Esta discussão entre ti e o PC parece-me interessante. Assim como as questões que colocas. Porque sempre a direita...?Terá menos respeito pela vida humana que a esquerda? Creio que não. Terá é valores mais imediatos e materiais em contraponto com visões ideológicas e por vezes paranoicas. Tem polícias (tal como os regimens de esquerda) tem militares ultra-consevadores(igualmente) e tem dinheiro. E nós, consciente ou inconscientemente estamos mais propensos a aceitar assassinos por ideias do que assassinios por dinheiro. Podemos acordar em condenar os dois?
epá, mea culpa, não percebi que o post não era para levar a sério... ;) - embora tenha suspeitado disso quando li aquelas considerações bizarras sobre a "temperatura inferior" causada pelas eventuais bombas (eu vivia na crédula convicção de que, normalmente, uma bomba rebenta as estruturas por impacto, e não pelo calor. Mas também não fui à tropa, e isso pode explicar a ignorância). Quanto à recorrente imputação de acontecimentos do género a "forças conservadoras e capitalistas-situacionistas", é verdade. Mas é curioso notar que, em todos os exemplos que deste, as "teorias da conspiração" respectivas imputam os atentados a organismos ou pessoas ligadas ao Estado, que, obviamente, não podem reivindicar atentados como o fazem as organizações terroristas contra o Estado. Talvez isto esteja um bocadito embrulhado, mas é uma pista. Enfim, como bem percebeste, o post não era sobre a credibilidade substancial das "hipóteses alternativas", mas sim sobre a sobranceria pouco séria que por aí grassa na sua rejeição. Ninguém gosta de anátemas, sejam fatwas ou mais suaves.
Pedro: o documentário dizia que o fuel do avião a arder não era suficiente para derreter o aço porque a temperatura atingida era de 2000Fº e o aço ( segundo o fabricante, claro) resiste até aos 3000Fº. Mais adiante, o mesmo documentário diz que a torre só caiu porque existiam bombas na cave que explodirão e elevaram a temperatura até aos 2800Fº, "o que foi suficiente para derreter o aço das fundações". Um gajo deve levar a sério a teoria da conspiração mesmo sem ter ido à tropa.;)
É curioso. Esta discussão teve o seu apogeu na Europa em 2003. Aliás, percebeu-se que a extrema esquerda francesa e a extrema direita alemã comungavam do mesmo ódio, são ambos anti-americanos e anti-semitas! Quanto aos judeus não houve países na história da Europa que mais os perseguissem, embora o Napoleão tivesse acabado com os guetos! No caso dos americanos a coisa é mais recente; os franceses agradeceram a primeira ajuda e foram humilhados na segunda; os alemães, esses, nunca entenderam porque perderam para um exército com pretos que mastigavam pastilha-elástica. Claro que esta ?blague? não serve para perceber o problema, mas acredito que se pode falar com paixão sem se perder a razão. A essência é ir aos ?fundamentals?, não é dar as respostas certas a perguntas erradas. O difícil é fazer as perguntas certas, mas como és um homem da investigação saberás isso melhor do que ninguém. Para te dar algumas pistas, e depois do Der Spiegel ter feito uma pesquisa independente sobre a matéria, deixo-te aqui o link:
Só agora reparei na frase do PC e por isso sublinho, não vão leitores distraídos engoli-la: o escárnio, expresso em liberdade num blogue, não tem nada de semelhante com qualquer fatwa.
Meu caro, não tinha lido o teu post prévio, confesso, só o do PC. Assim devo frisar, há piadas subliminares, outras há que entram no campo do desconhecido, onde a ajuda de mapa e bússola não será remédio certo. Contudo, penso que era essa tua intenção, lançar a provocação e esperar as reacções de quem provara a indignação. Touché! Mas não me sinto diminuído, pois a charada só era decifrável pelo autor! :) O link, esse, fica para memória futura, pois se há coisa que sei é que o homem aprecia mais o transcendente do que o real, o complexo do que o simples, a intriga do que a verdade. Somos assim, os portugueses em particular. Abraço
Nota: Essa da "fatwa" é verdadeiramente subliminar. Como desconfio que para além dos marinheiros desta nau poucos saibam o que é, deixo aqui a definição da wikipedia. Obrigado por me terem dado a oportunidade de aprender. Quanto às fatwas, é caso para dizer, antes passar pela quilha em mar salgado do que ser excomungado por um iluminado!
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Uma fatwa (em árabe: ????, plural fataawa) é um pronunciamento legal no Islão emitido por um especialista em lei religiosa, sobre um assunto específico. Normalmente, uma fatwa é emitida a pedido de um indivíduo ou juiz de modo a esclarecer uma questão onde a fiqh, a jurisprudência islâmica, é pouco clara. Um académico que seja capaz de emitir fataawa é conhecido por Mufti.
Porque no Islão não há uma estrutura central, também não há unanimidade quanto ao método de determinar quem pode emitir uma fatwa e quem não pode. Isto leva alguns académicos a queixarem-se de que demasiadas pessoas se sintam qualificadas para emitir fatwas.
A minha leitura das teorias da conspiracao a proposito do 9/11 e que elas surgiram muito mais na sequencia da impossibilidade americana em aceitar a vulnerabilidade perante uma ameaca externa do que propriamente como ataque politico. E muito mais facil dormir descansado em Holywood e arredores continuando a pensar que a historia comecou no sec XVIII. Nada melhor para continuar esta ilusao portanto que reduzir uma guerra em curso, com objectivos politicos afirmados por quem ataca, a manobras de efeitos especiais. Por tudo isto, mais que pela eventual racionalidade superficial nunca lhes concedi atencao particular. Alias "a gente" sabe que qualquer paranoia tem sempre uma sustentacao logica e racional, mas e precisamente por causa dessa armadilha que NAO se deve alinhar no esquema (certo Filipe?).
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.