PARA UMA RECONSTRUÇÃO DO "BANDEIRINHA": As primeiras vezes que fui ao futebol, tinha para aí 6 ou 7 anos, fiquei muito chocado com a expressão e a figura de "o bandeirinha". A palavra era, já de si, um bocadito abichanada, contrastando com um universo que eu via musculoso, enérgico e, portanto, no contexto das minhas ingénuas representações da altura, másculo. Acresce que a acção do bandeirinha reforça a impressão: corre muito ao longo de uma linha, para trás e para a frente, exterior ao campo onde (genericamente) se exibe a masculinidade, lutando a cada minuto contra a sua irrelevância. E os modos de empunhar e agitar a bandeirinha propriamente dita não ajudam nada: marciais, histriónicos ou charmosos, todos parecem, irremissivelmente, tão gayish. A culminar, os bandeirinhas estão sempre penteados, usam calções justos e não transpiram. Encontrava algum refrigério nas conversas com a minha Avó, que falava, de jeito circunspecto, do liner. Mas o resto das impressões marcadas pelos verdes anos mantinha-se. Bastava ver um "bandeirinha" a fugir, espavorido, perante a ameaça de uma simples bandeirola de canto, ou um peito mais proeminente, para que murmurasse logo: maricolas. Hoje percebi que tudo era, de facto, uma construção fantasiosa da infância. Uma associação entre a palavra inadequada ao contexto e uma percepção incompleta da realidade. Afinal, há-os tesos. A partir de agora, falarei apenas de "juízes-auxiliares".
Eh eh eh ...Bem, só tenho pena que este bandeirinha ( foi o que expulsou o Sá Pinto no seu último jogo pelo Sporting, na altura foi considerado "arrogante") não estivesse nas lides no tempo do Jorge Costa. Mas concordo contigo ( este ano estou irremediavelmente cheio de fair play).;)
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