AS SCUT: Entendamo-nos, sempre fui contra as scut. Sempre considerei que a ideia não tinha pés nem cabeça, que estávamos a contrair dívidas para os nossos filhos, que não fazia sentido nada pagar pela utilização das auto-estradas, nem que fosse algo simbólico, que economicamente a coisa não se sustentava e que era até prejudicial, do ponto de vista da sinistralidade, não existirem portagens, que sempre servem para controlar o sentido das entradas e saídas das auto-estradas.
De forma que não me ofende por aí além o fim de três scuts, mesmo que as três me afectem muito particularmente e negativamente, pois estou no centro das três. O que me revolta são os argumentos do Senhor Primeiro-Ministro, que deve imaginar que somos todos como aquele seu ministro a quem tudo passa ao lado.
A auto-estrada que vai do Porto a Freamunde não fez sequer um ano que foi inaugurada e esteve sempre em obras na zona de Alfena, promovendo engarrafamentos monumentais. Esta auto-estrada foi inaugurada há onze meses, com grande propaganda, sublinhando-se o cumprimento do Partido Socialista em manter as scut, em cumprir as promessas que tinha feito, e como forma de desenvolver estas regiões. A pergunta que se tem de fazer é, portanto, de que forma esta scut desenvolveu estas regiões nestes últimos onze meses? Quanto é que estas regiões se desenvolveram e enriqueceram desde o momento em que não havia scut para agora. Ou alguém acredita que há onze meses houvesse motivo para que a auto-estrada Porto-Freamunde não tivesse portagens e agora, passado tão pouco tempo, a scut tivesse provocado tamanho desenvolvimento na região que já não se justifica não ter portagens? Quem dera a Freamunde, Lousada, Rebordosa, Lordelo, Meixomil, Seroa, Raimonda que isso fosse real, provavelmente até não se importariam de pagar as portagens; mas a verdade é que estas regiões ainda nem tiveram tempo de aproveitar qualquer benefício da scut, como é evidente. E o que é manifesto para esta auto-estrada não difere muito do que acontece com a scut da Costa de Prata (que provavelmente passará a chamar-se "do Ouro Fácil") e a que vai para Viana do Castelo, inauguradas há um ano e há dois, respectivamente, se a memória não me falha. Tiveram estas scut tempo de desenvolver as regiões? Como? Quanto? Em que medida? Justificará os elevados preços que, segundo o jornal Público de sexta-feira, estão previstos? Porquê?
Seria a isto que deveriam ser dadas respostas mas, como já nos acostumou, o Senhor Primeiro-Ministro barafusta muito, acusa imenso, profere colossais impropérios contra os que elege como inimigos, tentando pôr todo o resto da malta do seu lado, mas não responde às questões que devia nem justifica nem fundamenta as opções que toma.
O Senhor Primeiro-Ministro lá fará o que lhe der na ministerial gana contra tudo e contra todos (com excepção da grande Lisboa e da comunicação social, para não ferir a sua base de apoio e de propaganda) - está no seu pleníssimo direito e nós temos de alombar com isso. Não queira é fazer de nós parvos.
Faço diariamente a A28 Porto-Póvoa de Varzim, não concordo com o pagamento destas estradas como as que você referiu, nesta medida, lia no Expresso desta semana que as Scuts não podem ser pagas se o precurso alternativo for 1,3 vezes superior ao das Scuts, ora quem já fez a Nacional 13, acualmente uma rua com semáforos, cumprindo os limites de velocidade sabe tão bem como eu, que as contas são muito simples e, demora-se 2 ou 3 vezes mais a chegar ao destino, por isso, é que toda esta história me irrita, não há seriedade por parte do governo, nem há boas alternativas a certas Scuts, quando as houver aí sim, totalmente de acrodo e apresentem a factura de cada vez que eu lá circular, até lá considero toda esta história mais uma boa fraude aos bolsos dos portugueses.
A isenção devia ser dada por via-verde. Este mecanismo devia ser disponibilizado gratuitamente a todos que tivessem um rendimento baixo, independentemente das auto-estradas que utilizam. O preço das auto-estradas devia ser dinâmico em função de escalões. Haveria certamente quem furasse o esquema, mas para isso existe a fiscalização o que no caso da via-verde até funciona muito bem (quando o identificador não coincide com a matrícula eles notificam). Desta forma todas as portagens eram pagas, com preços dinâmicos favorecendo os mais desfavorecidos. A tecnologia está aí. Abraço
P.S. Hoje ando lírico, o comentário não deve andar longe do meu estado de espírito.
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