MAIS DO MESMO: Vejo, na TV, o Dalai Lama dizer : " Há 50 anos que isto se passa". O "isto" é o genocídio do povo tibetano, cometido pela China. Será conveniente explicar, para quem se espante com o silêncio dos absolutos defensores dos direitos humanos, que, nos idos de 70, a mesma matilha moraleira que se imolava em protesto do napalm americano ou dos esquadrões assassinos de Pinochet, endeusava Mao. Macciocchi dizia que a revolução cultural uniria o homo sapiens e o homo faber (!) , a extraordinária Julia Kristeva explicava que só compreenderíamos a "alteridade chinesa" quando o nosso tecido capitalista e monoteísta se esboroasse. Chomsky, também nos 70, contorcia-se para engolir Pol Pot. Ao contrário do que por aí se diz, Chomsky nunca defendeu o antigo estudante de engenharia frequentador dos salões maoístas de Paris. Chomsky faz de nós burros, mas não é burro. No célebre artigo publicado em 1977 no "The Nation" - que muita gente cita, mas que pouca gente parece ter lido - e intitulado "Distortions at Fourth Hand" ( escrito em parceria com Edward Herman ), Chomsky faz outra coisa: responsabiliza os EUA por tudo de mau que possa eventualmente ter acontecido, e ridiculariza, um a um, os testemunhos do genocídio dos Khmer Vermelhos ( o título alude exactamente aos "boatos" difundidos por testemunhos "pouco credíveis", como os que Lacouture referia num artigo publicado no "Boston Globe") . É preciso ter lido os artigos anteriores de Chomsky ( "A visit to Laos", "In North Vietnam"", entre outros) para entender: estava em curso, na zona, uma verdadeira e enternecedora experiência socialista...
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